quinta-feira, 13 de outubro de 2011
Sexta-feira
Estive sentado à mesa da tua ausência
E tive na língua o café e a palavra
Em silêncio.
Li o Independente enquanto não vinhas
E esqueci-me por segundos à volta do mundo.
Tive as mãos sujas
À hora de acabar o café.
A manchete do jornal eras tu
Que não estavas em nenhuma notícia.
A saudade é a flor mais estúpida
Dos dias (a mais bela).
O teu melhor sorriso pairou nos meus dedos
E na nuca do empregado alto.
Hoje é sempre
E não te perdoo não estares
Porque este é o único momento
De podermos estar os dois neste momento.
Mas
Devo-te este poema há cem anos
Que ainda não sou capaz de te dizer.
Vou agora à procura de versos
Nas asas do pássaro da praça
E levo neles o meu silêncio
E a tua ausência.
O voo dos pássaros é tonto é barulhento
E a praça é circular vista de cima:
O Outono das árvores são braços nus
Como eu à tua espera
Ou como os versos de há cem anos
Sobre ti à espera de mim.
Ribeira de Pena, 13 de Outubro de 2011.
Joaquim Jorge Carvalho
[Este poema faz parte do meu livro Desapontamentos dos Dias, Coimbra, Ed. A Mar Arte, 1995.]
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