sábado, 15 de outubro de 2011
Intercidades
Enquanto as árvores fugiam fugiam fugiam
E os olhos morriam cansados cansados cansados
Aterrou uma deusa.
Viajou terrena e plácida terrena e plácida terrena e plácida
No banco prosaico de uma carruagem carruagem
Carruagem
Sem esconder a sua condição de deusa.
Todas as árvores e casas e homens
Enfeitavam a vertigem da perda.
Toda a minha viagem desaguando aí
No banco setenta-e-um, janela
De um amor impossível e perfeito.
Simão, Camilo e Teresa de comboio
De comboio de comboio de comboio
E uma infinita mágoa em mim
Por não te ter por não te ter
(Toda a posse do olhar é irónica
E mentirosa)
O mais belo rosto de uma Grécia aqui
Eras tu.
E a maior tristeza do mundo era eu não
Poder dizer-te: O mais belo rosto
De uma Grécia aqui aqui aqui
És tu.
Ribeira de Pena, 15 de Outubro de 2011.
Joaquim Jorge Carvalho
[A imagem (cartaz apresentado no âmbito do SCENA 2011 - Colóquio Internacional "A cenografia no mundo sem fronteiras", um festival de artes performativas levado a efeito entre 26 e 29 de Abril de 2011, especificamente concebido para o workshop “O Comboio”, baseado no conto de Raymond Carver) foi colhida, com a devida vénia., em http://www.scenalisboa.blogspot.com.]
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