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segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Política caseira e vezeira


Reservo para mim próprio a azia e nojo que algumas das medidas anunciadas pelo primeiro-ministro provocaram.
Gostaria, contudo, de telegraficamente lembrar alguns dados que a retórica do governo (e também a dos pançudos mediáticos que, com a parcialidade habitual, arrotam nos média as suas "verdades") ignora.
1 - Os funcionários públicos não são culpados da situação do país. São trabalhadores, têm contratos com o Estado, servem a população. Retirar-lhes o salário (o pão) é atitude pouco séria e de legalidade questionável.
2 - A haver sacrifícios, eles deveriam ser universais e proporcionais aos rendimentos das famílias. Não é a mesma coisa "retirar" dois mil euros (2 subsídios) a um único sujeito passivo que vive com esposa, filhos, idosos a cargo, etc. ou a outro que seja solteiro e viva só, ou tenha um(a) cônjuge a trabalhar também.
3 - Entre outras indignidades, o que os governos vêm roubando aos funcionários públicos serve para pagar a dívida que alguns ladrões consabidamente deixaram em alguns bancos. No caso do BPN, é público que muita gente importante beneficiou do descalabro anunciado. Agora, é do nosso conhecimento que o Estado assume aquele deastre e paga-o - mas ninguém devolve dinheiro e ninguém vai preso. (O ex-governador do Banco de Portugal foi até premiado com uma espécie de pré-reforma dourada no BCE). Como é possível?!!!
4 - O PSD deitou abaixo o governo anterior porque - sustentou - não era justo continuar a sobrecarregar os portugueses com sacrifícios tão duros e injustos. Agora, com o silêncio cúmplice (talvez incomodado) do CDS, sai-se com este brutal orçamento para 2012. Passos Coelho já confessou que estas medidas não correspondem ao seu "programa". Ora, em minha opinião, a consequência desta disparidade entre as promessas eleitorais e prática governativa deveria ser a convocação de eleições gerais.
5 - Fui buscar a imagem do apocalipse à internet. Exageros meus, má fortuna, amor ardente...

Ribeira de Pena, 17 de Outubro de 2012.
Joaquim Jorge Carvalho

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