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terça-feira, 4 de outubro de 2011

Biblioteca do Arco (desde Abril de 2006)


Quando, no dia 26 de Abril de 2007, a Biblioteca Municipal de Cabeceiras de Basto, denominada Biblioteca Dr. António Teixeira de Carvalho, foi inaugurada na vila do Arco, apresentei um momento de poesia e representação. O momento contou com a colaboração das minhas queridas ex-alunas Catarina e Patrícia.
Ao arrumar papéis, salvei do lixo dois textinhos escritos em verso. Falam de livros e amor (e de amor aos livros). Da minha vida, enfim.

1.

A Biblioteca do Arco
Fica ao cimo da paisagem
Há nela a forma de um barco
E nós somos a viagem.

Cada livro é marinheiro
Do mar que há na leitura
(Marinheiro verdadeiro
de pescar e de aventura).

Vai-se dos livros ao mundo
Como do cais à viagem
Não há mapa mais profundo
Que o mapa da linguagem.

Livro, veleiro breve
Batel, barca, nau de ser
Caravela que me leve
À Ilha de Conhecer.

Sou mapa, mar e sou nau,
Caminheiro voador -
Vou de livro até Macau!
Vou de livro ao meu amor!

É tão pertinho Macau.
É tão perto o meu amor.



2.

Era uma vez uma menina

Era uma vez um rapaz

Era uma vez uma coisa

Era uma vez tantas vezes

Era uma vez um lugar morto
onde não valia a pena contar histórias

Era uma vez eu

Era uma vez uma aventura impossível

Era uma vez a minha Avó contadora

Era uma vez a minha Mãe oferecendo(-se)-me
leite, mãos e histórias de crescermos

Era uma vez um livro

Era uma vez tantos livros

Era uma um tesouro

Era uma vez os nossos olhos sedentos

Era uma vez a sede do nosso raciocínio

Era uma vez a urgência de água para o coração

Era uma vez um rio de fantasia
morto se não corresse em nós

Era uma vez a luz

Era uma vez a escuridão

Era uma vez a luz vencendo a escuridão

Era uma vez a Palavra

Era uma vez o sentido luminoso das palavras

Era uma vez o açúcar e o limão das frases

Era uma vez um espelho por dentro dos nossos olhos

Era uma vez o aconchego de uma Mãe universal,
Literatura

Era uma vez uma história interminável
(com final feliz por não haver final)

Era uma vez uma história com frutos em vez de fim

Era uma vez uma Biblioteca

Era uma vez um tesouro de, por, em nós

Era uma vez um colo de vozes

Era uma vez o passado e o futuro
(era uma vez o presente)

Era uma vez uma menina

Era uma vez um rapaz

Era uma vez uma casa grande como uma Avó

Era uma um lugar próximo como mãos de Mãe

Era uma vez um caminho com praia ao fundo
(e Mar para lá do que se visse)

Era uma vez o Verão

Era uma vez Verão todos os dias

Era uma vez um livro

Era uma vez muitos livros

Era uma vez todos os livros
(era uma vez a escrita e a leitura)

Era uma vez Hoje.

Ribeira de Pena, 03 de Outubro de 2011.
Joaquim Jorge Carvalho

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