domingo, 23 de janeiro de 2011
Ortodependências (Fábula)
Cheia de boas intenções, o professor de Área de Projecto desafia os alunos a colocarem, nos lugares da cidade mais publicamente associados ao tráfico de droga, um cartaz combatendo o flagelo. A ideia é aconselhar os jovens frequentadores dessas zonas a deixarem o vício.
À entrada do bairro mais perigoso da urbe, um adolescente cola rapidamente uma cartolina branca no vidro lateral de uma cabina telefónica e foge dali a correr. Quem se aproximasse poderia ler a mensagem inscrita: “NÃO À DROGA!”
Horas depois, chega um toxicodependente. Com ar impaciente, procura o dealer. Lembra-se de telefonar. No bolso sujo, busca moedinhas, depois chega-se à cabina. A cartolina desperta a sua atenção. Lê o texto e exclama, furioso:
- Porra! É a segunda vez! Já ontem foi a mesma coisa! Vou começar a comprar noutro sítio, meu…
E vai-se embora.
Não sei se haveis percebido o ruído comunicacional desta história talvez verdadeira: o drogado percebeu da mensagem que não Havia droga. Com agá.
A ortografia tem, pois, a sua importância…
Coimbra, 22 de Janeiro de 2011.
Joaquim Jorge Carvalho
[A imagem foi colhida, com a devida vénia, em http://www.telefonica.net.]
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