Bússola do Muito Mar

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Número de Ondas

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Explicação da Luz


A professora primária era, aos meus olhos infantis, o Livro Grande onde morava todo o conhecimento. Certa manhã de 1969, disse-nos que os dias começavam quando o Sol nascia. Achei, com pena, que a professora se enganava. Parecia-me a mim que os dias começavam quando a minha Mãe se levantava: ao meu quarto chegava, então, o cheiro de café com leite e de torradas, e também o som da rádio enchendo a manhã de música e locução útil. Esses sim eram fiéis sinais de novo dia à espera de nós.
Vim a descobrir que a professora estava certa e eu, apesar de tudo, também. Porque os dias do meu mundo começavam quando o Sol nascia, sim. Mas o Sol dormia no quarto ao lado do meu e levantava-se para nos preparar roupa, pequeno-almoço, merendas. Era Ela.
Ainda hoje, com vagar septuagenário, se levanta para cuidar de quem precisa, de quem precise. Talvez seja da própria natureza da maternidade este cuidado universal, estendido de filhos a netos. Uma Mãe quando nasce é, como o Sol, para todos.

Ribeira de Pena, 13 de Janeiro de 2011.
Joaquim Jorge Carvalho

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