Bússola do Muito Mar

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Número de Ondas

domingo, 9 de janeiro de 2011

Epígrafes à superfície de um Café


Li recentemente um grande romance da literatura italiana e universal: Café Debaixo de Água, de Stefano Benni (Ed. Ulisseia, 2010).
Sobre os contos que, juntos, são o romance falarei mais tarde.
Para já, ofereço-vos algumas das maravilhosas epígrafes que Benni escolheu para cada capítulo.
“[…] a terra / com quem dividiste o frio / para sempre será / impossível não a amares.” (Vladimir Majawoski)
“Em branco manto real todo ele reluzente, onda e chama: É a Traça!” (Paul Verlaine)
“[…] o cachalote respira apenas um sétimo, ou seja, um domingo de todo o seu tempo.” (Herman Melville)
“Tanto faz o homem que, no fim de tudo, acaba por desaparecer.” (Raymond Queneau)
“Nos tempos do fascismo / não sabia que vivia / nos tempos do fascismo.” (Hans Magnus Enzensberger)
“[…] os apaixonados de verdade inventam com os olhos a sua própria verdade.” (Molière)
“A única paixão da minha vida foi o medo.” (Thomas Hobbes)
“[…] a vida não passa de figura e fundo.” (Samuel Beckett)
“O país da nossa nostalgia é […] o normal, o decoroso, o amável, é a vida na sua sedutora banalidade.” (Thomas Mann)
“Quando o jogo se torna duro / os duros começam a jogar.” (John Belushi)
“Em nenhuma outra língua é tão difícil entendermo-nos como na nossa própria língua.” (Karl Kraus)
“Podes levantar-te muito cedo de madrugada, mas o teu destino levantou-se uma hora antes de ti.” (Provérbio africano)
“Todas as injustiças nos ofendem quando não nos trazem directamente nenhum lucro.” (Luc de Vauvenargues)
“O Sono!... Varredor do rancor!” (Tristan Corbière)
“E morrerá sem um lamento / como sonham todos os heróis. / Apenas um anjo com uma bala / e Cagney no grande ecrã.” (Tom Waits)
“As pessoas não morrem, ficam encantadas.” (João Guimarães Rosa)


Ribeira de Pena, 09 de Janeiro de 2011.
Joaquim Jorge Carvalho

2 comentários:

Paulo Pinto disse...

A do Luc de Vauvenargues agrada-me particularmente. Talvez acrescentasse algo como «e desde que não derrubem os nossos preconceitos». Mas acho que o efeito literário se perderia.

Joaquim Jorge Carvalho disse...

De acordo, comme d'habitude!

JJC