Bússola do Muito Mar

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Número de Ondas

sábado, 17 de julho de 2010

União, Sporting, Valdano, eu

O senhor Jorge Valdano, ex-grande jogador argentino, actual director desportivo do Real Madrid e, talvez, o melhor escriba contemporâneo em assuntos de futebol & derivados, disse um dia que uma simples partida permite, a cada indivíduo, o regresso semanal à infância. Desde pequenino, eu “sou” do Sporting Clube de Portugal e do União de Coimbra. Um amigo antigo riu-se, há dias, desta masoquista preferência: - Pá, o União já não existe e o Sporting está em vias de extinção. Encolhi os ombros à sua falta de rigor: o União continua a ter camadas jovens, só já não tem seniores; e o Sporting, tirando o facto de não ganhar, está tão falido como o Porto ou o Benfica. Mas ainda lhe disse: - O amor ao clube é para sempre, mesmo que o clube acabe. E ele: - Com filosofias dessas, vocês perderam o Moutinho… E eu (com os meus botões): - Sou talvez de um clube morto e de outro que está moribundo. E os meus botões para mim: - Pois. Mas o principal dos teus clubes é a parte em ti que não se esquece deles. E o Valdano, saltando do primeiro para o último parágrafo: - Dá a mão ao teu pai e entra no Estádio Municipal. O União está na primeira divisão e joga com o Sporting. Grita com os golos do Perrichon (pelos azuis) e do Chico Faria e do Yazalde (pelos leões). A multidão cabe no teu olhar de dez anos. Não percas de vista o teu pai. Compreendes? Compreendo. 

Coimbra, 17 de Julho de 2010. 
Joaquim Jorge Carvalho

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