O senhor Jorge Valdano, ex-grande jogador argentino, actual director desportivo do Real Madrid e, talvez, o melhor escriba contemporâneo em assuntos de futebol & derivados, disse um dia que uma simples partida permite, a cada indivíduo, o regresso semanal à infância.
Desde pequenino, eu “sou” do Sporting Clube de Portugal e do União de Coimbra.
Um amigo antigo riu-se, há dias, desta masoquista preferência:
- Pá, o União já não existe e o Sporting está em vias de extinção.
Encolhi os ombros à sua falta de rigor: o União continua a ter camadas jovens, só já não tem seniores; e o Sporting, tirando o facto de não ganhar, está tão falido como o Porto ou o Benfica.
Mas ainda lhe disse:
- O amor ao clube é para sempre, mesmo que o clube acabe.
E ele:
- Com filosofias dessas, vocês perderam o Moutinho…
E eu (com os meus botões):
- Sou talvez de um clube morto e de outro que está moribundo.
E os meus botões para mim:
- Pois. Mas o principal dos teus clubes é a parte em ti que não se esquece deles.
E o Valdano, saltando do primeiro para o último parágrafo:
- Dá a mão ao teu pai e entra no Estádio Municipal. O União está na primeira divisão e joga com o Sporting. Grita com os golos do Perrichon (pelos azuis) e do Chico Faria e do Yazalde (pelos leões). A multidão cabe no teu olhar de dez anos. Não percas de vista o teu pai. Compreendes?
Compreendo.
Coimbra, 17 de Julho de 2010.
Joaquim Jorge Carvalho
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