quarta-feira, 7 de julho de 2010
Amigos
Tenho por auto-exigência que os meus textos, no Muito Mar, se não circunscrevam aos domésticos eventos do quotidiano, ou pelo menos que deles se dê literária conta apenas no sentido em que possam, pela leitura, universalizar-se.
Talvez o que se siga seja uma excepção.
Sei que há, hoje, uma sardinhada na minha Escola. Estou a 260 quilómetros, ando a fazer um tratamento dentário cruel e moroso, estou todos os dias em suspenso de notícias da minha família madeirense, e não vou ao Arco.
Mas queria estar, à dimensão das minhas possibilidades,com os professores e funcionários de um Agrupamento a muitos níveis exemplar.
Se eu tivesse de provar em tribunal que éramos (somos) um Agrupamento como deve ser, chamaria como testemunhas os principais beneficiários de tanta dedicação e tão subido profissionalismo: os alunos e, mais diferidamente, os pais e encarregados de educação.
Nas pessoas da Isabel Teixeira, do Feliciano, da Elsa, da Manuela, do Albino e da Senhorinha, quero aqui deixar uma flor. É bom sermos dirigidos por quem sabe dirigir. Foi uma honra ter servido sob vossa orientação. Sois parte do meu restrito mundo de amigos. Estimo-vos e admiro-vos.
Um copo à saúde do que fomos e do que havemos de ser.
Os alunos e as famílias acompanham-me, seguramente, no gesto (os alunos com sumo, como é óbvio).
Disse o Antonio Machado (cito de cor): Caminero, no hay camino / El camino se hace andando...
Sigamos, pois.
Coimbra, 07 de Julho de 2010.
Joaquim Jorge Carvalho
[A imagem-supra foi colhida, com a devida vénia, em http://www.malmaior.blogspot.com.]
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5 comentários:
Caminante, son tus huellas
el camino y nada más;
Caminante, no hay camino,
se hace camino al andar.
Al andar se hace el camino,
y al volver la vista atrás
se ve la senda que nunca
se ha de volver a pisar.
Caminante no hay camino
sino estelas en la mar.
(para recordar)
Um beijinho
Obrigado, Anabela.
Esse é um poema que a minha filha tem afixado sobre a sua secretária de trabalho desde que veio para Coimbra estudar.
A mim, acompanha-me também há muitos anos. Vejo Machado como uma espécie de "Fernando Pessoa" espanhol (faz parte do chamado "siglo d'oro", não é?).
Há, já agora, uns versos de Sophia que ecoam a ideia fundamental deste poema. Referindo-se aos navegadores portugueses, em seu ofício-destino de descobrir novas terras, o sujeito poético explica (cito de cor):
“Navegavam sem o mapa / Que faziam.”
Beijinho.
JJC
Não, Machado pertence ao Modernismo espanhol (diferente do nosso).
O "Siglo de Oro" ocupa o período entre o Renascimento do sec. XVI e o Barroco do XVII.
Não deixe de ver o filme "La lengua de las mariposas", de José Luis Cerda. No filme, este poema é lido em voz alta na sala de aula.
Caríssima Anabela,
a minha ignorância vai até confundir a expressão "siglo de oro" com a geração de Machado.
Mas - calma - não carece de tautologias extremas; já fiz trabalhos sobre autores modernistas espanhóis (e portugueses, por supuesto). Estou ciente das semelhanças e das diferenças, amiga.
Relativamente às "mariposas": antes de Cerda transcodificar o conto de Rivas, o meu amigo Daniel falara-me desse livro [dessa(s) história(s)]; depois, fui eu, já conhecedor de Rivas, a falar-lhe do filme.
O final tem uma das mais trágicas imagens que já vi: a criança, para sobreviver, junta-se à intolerância franquista e insulta/apedreja o professor. Penso nessa ironia muitas vezes...
Beijinho.
JJC
Pois eu, ainda que tenha o filme, sacado da net, nunca o vi na totalidade. Aborrece-me ver filmes no comp e não funciona no DVD. Conheço-o apenas superficialmente. Enfim, imperdoável.
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