Bússola do Muito Mar

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Número de Ondas

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Coisa não chamável Fim


Disseram-me que o nosso Agrupamento vai acabar. Chamaram-lhe facto consumado. Anunciaram-me o fim.
Ora, senhores, o que temos sido, pelo menos no calendário recordável que há do Arco no meu coração, é uma coisa feita de amor pelos alunos e pela terra, de profissionalismo e de generosidade, de honra e dignidade, de teimosia bondosa na crença e descoberta do futuro.
Nós temos sido uma coisa feita de alma, senhores. Um projecto que nunca desistiu de sonhar e do voo cúmplice que pode haver entre os pés na terra e o verbo acreditar.
Há tanta gente no que nós temos sido, senhores: alunos, funcionários, colegas, famílias, gente do Arco e de Cavez (e gente dos arredores).
Éramos, pelo Arco, uma equipa digna e formosa. Éramos? Somos! Não se conjuga o imperfeito quando se trata de dignidade e formosura.
Não sei se este é o meu último texto para o jornal "Arco-Íris". Pelo sim, pelo não, aí vai um abraço especial para uma coisa chamada liberdade. Em sua singularidade própria, esta liberdade, vista do lugar onde me encontro, é uma senhora. Aliás, Senhora (com a maiúscula da admiração). Aliás, Senhorinha (com o sufixo do justo carinho).
Eu, que nunca me senti escravo sob a sua liderança, queria dizer-lhe isto aqui. Para currículo, não me parece coisa pouca. E, embora este meu texto acabe, senhores, não há fim para o que de essencial nele se diz.

Ribeira de Pena, 01 de Julho de 2010.
Joaquim Jorge Carvalho
[Nota: Este texto foi escrito para o jornal "Arco-Íris", em Junho de 2010. Inscrevo-o aqui, agora, para que neste Muito Mar caiba também a saudade antecipada do "meu" Agrupamento. Certeza absoluta: vão maus os tempos para quem não se demite de ter coração.]

2 comentários:

Paulo Pinto disse...

Quando uma porta se fecha, uma janela abre-se, não é mesmo? Os fins são discutíveis, os meios detestáveis, os processos abjectos. Mas o potencial destrutivo desta extinção (ou fusão) será tanto menor quanto maior for a sabedoria e a firmeza que demonstrarmos.

Joaquim Jorge Carvalho disse...

Caro Paulo,

os adjectivos que usas são tristemente rigorosos.
Quando uma PORTA se fecha, as gentes com coração imPORTAm-se.
Janelemos, sim...
Abraço.
JJC