Tolentino viveu em Machico, na sua juventude, e em boa hora alguém se lembrou de gravar na pedra a sua voz, bem no centro da cidade natal da MP. Quem passar pela Praceta 25 de Abril, verá escrito numa parede do edifício da “La Barca” um belo poema (do livro A noite abre-me os olhos, de 2006):
“No caminho onde aprendi o Outono
sob o azul magoado
os pescadores cruzam ainda linhas
províncias clareiras
e esse gesto masculino de apagar a dor
chegava pelos percalços da terra
o carro do gelo
e os miúdos tiravam bocados para comer às dentadas
um retrato selvagem mas, juro-vos, havia encanto
havia qualquer coisa, outra coisa
nesse instante em perda
as mulheres sentavam-se à porta com os bordados
quando passavam estrangeiros
ficavam sempre a sorrir nas suas fotografias.”
Ouço por aqui testemunhos de admiração exclusivamente atinentes à carreira que Tolentino Mendonça fez na Igreja católica (é hoje arcebispo e, por decisão do Papa, arquivista e bibliotecário no Vaticano). Poucos, contudo, parecem aqui conhecer ou valorizar a sua singular importância na poesia da nossa língua. Mas ele é hoje um nome que, também a este nível, merece o reconhecimento e até o justificado orgulho dos machiquenses.
Machico, 13 de Agosto de 2018.
Joaquim Jorge Carvalho
[A segunda foto é de JJC.]
Ouço por aqui testemunhos de admiração exclusivamente atinentes à carreira que Tolentino Mendonça fez na Igreja católica (é hoje arcebispo e, por decisão do Papa, arquivista e bibliotecário no Vaticano). Poucos, contudo, parecem aqui conhecer ou valorizar a sua singular importância na poesia da nossa língua. Mas ele é hoje um nome que, também a este nível, merece o reconhecimento e até o justificado orgulho dos machiquenses.
Machico, 13 de Agosto de 2018.
Joaquim Jorge Carvalho
[A segunda foto é de JJC.]
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