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terça-feira, 7 de agosto de 2018

Amizade (revisões)


A minha Filha fez umas centenas largas de quilómetros para se reunir com algumas Amigas de há vinte (talvez mais) anos. As Amigas fizeram esforço idêntico, bem entendido. Em linguagem leve, a este tipo de encontros chama-se oportunidade de pôr a conversa em dia. Mas eu, com a lucidez melancólica dos velhos, sei bem que se trata de algo mais sério, grandioso e grave: a Amizade implica real tempo e efectiva disponibilidade, sem o que deviria mera retórica, coisa tendencialmente vazia e insincera. Tive já ensejo para, via Facebook, felicitar a minha Filha e as suas Amigas pela constância daqueles laços e daquela cada vez mais preciosa cumplicidade (um tesouro).
Recentemente, eu andei afastado de um Amigo por (talvez) dois meses. Cheguei a pensar, sobre o nosso silêncio, que havia o perigo de, morrendo um de nós, o outro ficar para sempre condenado a viver morrendo de remorsos. Mas hoje reencontrámo-nos, acertámos razões e voltámos à alegre normalidade em que residíamos. À roda de um café, falámos de Coimbra, Mães, calor, profissão, literatura e biologias pessoais. Confirmei, aleluia, o valor incalculável dos Amigos. E também que recuperar um Amigo é como tê-lo connosco pela primeira vez.
Atenção: ter Amigos não resolve o problema da mortalidade, claro; mas é minha convicção que nos aumenta exponencialmente a esperança de vida.

Coimbra, 06 de Agosto de 2018.
Joaquim Jorge Carvalho
[As fotos - uma relativa ao encontro da minha Filha com as Amigas Joana, Cristina e Ana; as outras duas, já de 2006, relativas a uma visita que o Daniel fez, a meu convite, à Escola Básica de Arco de Baúlhe - cantam versos de Zeca Afonso: "Amigo, maior que o pensamento... ", etc.]

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