Bússola do Muito Mar

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Número de Ondas

terça-feira, 5 de março de 2013

Nós no progresso

No mui lindo Verão de 1983, eu trabalhei durante dois meses na Fábrica Estaco, em Coimbra. O dinheiro ganho serviu-me para comprar um Austin Mini e alguma livraria barata. Isto foi há muitos séculos, claro. Entretanto, morreu a Fábrica e esse Verão tão lindo.
Lembrei-me agora de que, por essa altura, na Estaco, havia uma série de trabalhadores italianos que por ali andavam, amáveis e ruidosos, orientando a instalação de novas e sofisticadas máquinas industriais. O Borges (um operário que tinha o que, então, me parecia muita idade, sendo que essa idade não ultrapassaria os quarenta anos!), olhando para os estrangeiros, franziu o seu bigode d’Ançã e disse para o pessoal da noite:
- Aquilo faz para aí o trabalho de uns vinte homens. Qualquer dia não temos trabalho…
Sucede que o Borges tinha razão.
Não me parece pacífica a ideia, vista daqui da varanda do século XXI, de que as novas tecnologias são boas para a humanidade. A fome persiste. Muitos não têm casa. A guerra desenvolve-se mais depressa que a paz. O Tempo, em vez de crescer, morre de desgaste rápido.
Vale a pena, julgo eu, ó contemporâneos, discutir este assunto…

Arco de Baúlhe, 05 de Março de 2013.
Joaquim Jorge Carvalho
[A imagem foi colhida, com a devida vénia, em http://www.lugaresesquecidos.com.]

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