À curva, antes do poema, a casa de xisto,
Toda fechada sobre si
(uma casta casa com cara de nenhuns amigos).
A casa (digo) só paredes, antes do poema
Sem outro sinal de gente na casa senão a falta
De lume, de gente.
A casa de xisto, antes do poema, desabitada
E inerte como pobre pedra perdida na serra
Ao fero frio.
A pedra (o xisto) antes da casa, antes do poema
E um espaço interior com gente antes de não
Haver gente.
A casa que era, antes da casa que é
Antes do poema sobre o xisto que um dia se tornou
Casa de gente.
Até que o poema (digo) herda a casa
E entra enfim mansamente nela
Como se fosse lume.
Arco de Baúlhe, 14 de Março de 2013.
Joaquim Jorge Carvalho
[A imagem (casa de xisto na aldeia de Cando - Arouca) foi colhida, com a devida vénia, em http://www.geolocation.ws. O poema, esse, é de fabrico próprio, mas não teria nascido se o Daniel Abrunheiro não mo tivesse sugerido.]
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