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segunda-feira, 12 de março de 2012

O rosto verdadeiro do Teatro


Palestrei hoje sobre Literatura e Teatro. O meu público foi constituído por alunos de CEF (Cursos de Educação e Formação) da Escola Básica de Arco de Baúlhe e da Escola Básica e Secundária de Cabeceiras de Basto. Sobraram-me algumas notas. Ofereço-vo-las.
A máscara do Teatro faz-se a partir de um rosto verdadeiro - o rosto humano: olhos, nariz, boca, queixo, faces. Da máscara sai a voz, o gesto, o gemido, o suspiro, o murmúrio, até o silêncio. E tudo quanto sai da máscara é, afinal, verdadeiro.
Não ser a máscara o rosto de ninguém em concreto serve para, aos olhos de quem vê teatro, aquilo se tratar do rosto de quem se julga (ou se quer) ver, isto é, do rosto de todos os rostos.
A máscara do Teatro é, aliás, uma bela metáfora do espectáculo: o que está em palco não é, em rigor, o mundo, a vida; é uma representação da vida, do mundo. É, não a realidade, mas uma aproximação estética e ética à realidade (à realidade essencial) que a condição humana encerra.
Mas a máscara é ainda o convite, de certa forma mágico, ao mergulho na ilusão!
Entra-se no teatro como quem, de corpo e alma, entra numa ideia bonita. Uma ideia, também ela, com corpo e alma.
Ver teatro é (perdoai a violência da imagem) fazer amor com uma realidade superadora da nossa circunstância.

Cabeceiras de Basto, 12 de Março de 2012.
Joaquim Jorge Carvalho
[A imagem foi colhida, com a devida vénia, em http://www.ocairdamascara.blogspot.com.]

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