sexta-feira, 1 de julho de 2011
Presente teimoso
Estava numa roda de amigos e, como tantas vezes, pus-me a contar histórias sobre o meu pai, com o meu pai.
No final de cada episódio, no devir das gargalhadas ou dos acenos de espanto (ou dos olhares de admiração, ou dos gestos de incredulidade divertida), eu dizia:
“O meu pai é um prato!”
Ou:
“O meu pai tem muita pinta!”
Ou:
“O meu pai diz que não, mas eu conheço-o…”
O meu tempo verbal, senhores, teima em ser presente, embora o meu pai já cá não esteja, comigo, neste lugar da narrativa.
Ora, talvez o amor seja também isto: a luta (revolucionária) contra este fascismo que há na gramática da mortalidade.
Arco de Baúlhe, 01 de Julho de4 2011.
Joaquim Jorge Carvalho
[A imagem foi colhida, com a devida vénia, em http://clubefotografia.blogspot.com.]
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