Bússola do Muito Mar

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Número de Ondas

quinta-feira, 10 de julho de 2014

A ferida de um Amigo não estar mas ser



A minha pobre irmã num viúvo canto, chorando em forma de novelo negro.

A minha mãe e suas duas irmãs como silente coro, de olhar antigamente espantado.

A restante família do meu Amigo dentro da mesma sala e da mesma Dor.

O meu sobrinho à porta da capela, atordoado como um pássaro infante.

Amigos como formigas, negros e avulsos, buscando migalhas da presença de quem já ausente estava.

Eu - nós - velando o meu Amigo.

Eu sem o meu Amigo, como um calendário sem dias seguintes.

O cabrão do tempo, a puta da morte.



Coimbra, 09 de Julho de 2014.

Joaquim Jorge Carvalho
[A foto foi colocada pelo Daniel Abrunheiro no Facebook.]

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