sexta-feira, 17 de junho de 2011
Já são cinco horas?
Alunos do 7.º ano do Arco vieram a Ribeira de Pena, ontem, para um roteiro camiliano. Camilo Castelo Branco, em boa verdade, é para alunos tão novos sobretudo um pretexto para a aventura de um dia diferente. Algo ficará, acredito, da figura do grande escritor, da sua obra, das suas palavras e histórias com Minho e Trás-os-Montes dentro. Mas o fundamental é o convívio, o sorvedouro de novidades, os gritos, as gargalhadas, a juventude explodindo como flores em primavera incessante e doida.
Para os professores (e decerto para os esforçados guias) é cansativa esta lida com tanta e avulsa energia! É preciso gritar que tenham cuidado com a estrada, com as alturas, com as correrias, com as brincadeiras perigosas...
Quando, pelas dezassete horas, a jornada terminava, eu senti - confesso - o antecipado alívio do regresso à plácida condição de adulto quietinho da silva.
Mas aconteceu isto: à entrada para a camioneta que o levaria de volta à terra natal, um menino chamado Artur (que não é meu aluno) lamentou-se com um sorriso triste e travesso:
- Já são cinco da tarde? Quem me dera que ainda agora o dia estivesse a começar...
Ora, isto faz-nos crescer a alma - não é, Senhorinha? Não é, Rosário? Não é, Odete? Não é, Telmo? Não é, Beatriz? Não é, Luísa? Não é, Daniel? Não é, Emanuel?
E, claro, com a alma assim, tão longe de ser pequena, vale tudo a pena. Tudo!
(Não é, senhor Fernando Pessoa?)
Ribeira de Pena, 17 de Junho de 2011.
Joaquim Jorge Carvalho
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