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sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Cá se fazem, cãs se pagam


Fui a uma cabeleireira da rua natal cortar o cabelo. A senhora é minha conhecida e muito competente no seu serviço. Eu vou lá poucas vezes porque, em regra, trato da tosquia em Vila Pouca de Aguiar, mas o presente mês é de férias e eu cá estou por esta amada Coimbra.
Confirmei às primeiras tesouradas que a maior parte do meu cabelo é agora branca. Deus! Ainda me lembro de ver, há uns quinze anos, as primeiríssimas cãs (e de como ainda me dei ao trabalho de, então, arrancar quaisquer fios de neve que, aqui e ali, detectasse).
Este peso de envelhecer, que nunca me abandona, tornou-se agora mais bruto, mais doloroso, mais conspícuo. Inclemente é o Tempo. Mata-nos o Tempo.
A cabeleireira pergunta-me com a amabilidade costumeira:
- É o habitual?
E eu respondi, não pensando no volume capilar ou no penteado:
- É, sim. O habitual.

Coimbra, 03 de Agosto de 2012.
Joaquim Jorge Carvalho
[A imagem foi colhida, com a devida vénia, em http://www.]

2 comentários:

Rosa Miranda disse...

"A velhice é um posto", diz-se! Eu estou convicta de que ao tempo juntamos sabedoria e credibilidade. A idade é, sobretudo, um número e, não sei como me faça crer que senti um grande orgulho no alcance dos 40!Antes dos 90 ou enquanto o corpo resistir, não há velhice que não seja a da alma e essa... eu, desesperadamente, temo-a! Penso que todos vamos cumprindo a Vida ora com uma velhice insuportável ora com a juvenilidade onde os anos não contam...

Joaquim Jorge Carvalho disse...

Todos vamos cumprindo a Vida, sim (ou a vida, que também minúscula conta). A modalidade perifrástica faz aqui todo o sentido. Beijinho, Rosa. JJC