Bússola do Muito Mar

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Número de Ondas

sábado, 11 de agosto de 2012

Pão de cada dia


O Sol acende-se à ordem das aves
E o meu dia é outra vez primeiro –
Dia, digo, novo como a palavra mãe
Na boca de um infante de oito ou nove meses
Quando a semiótica é ainda pura como tangerinas de quintal.
Antes do Lidl há uns mil metros de imortalidade a passo
(A rotina, havendo tempo e Sol, é uma sólida eternidade):
Saúdo-te, pois, manhã da minha rua
S. Miguel, ou Manuel Almeida e Sousa, ou
Simplesmente Coimbra que é
A minha rua toda sempre e tudo!
Sabei que se está bem nesta coisa d’agora d’agosto
Que há nos meus passos olhos mãos
E (para que a coisa se não perca) no papel.
Olhai: raparigas fluindo na paisagem são também
Aves (agora silentes) cantando por dentro
E o Sol dá-lhes, claro, a luz que merecem
Até cegarmos.
Saúdo-te, manhã, e levo pão
(ainda quente de nascer)
À minha mãe.

Coimbra, 10 de Agosto de 2012.
Joaquim Jorge Carvalho
[A imagem foi colhida, com a devida vénia, em http://www.skysrapercity.com.]

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