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sexta-feira, 8 de junho de 2012

Patos (revisitação de O Senhor das Moscas, de Golding)


Embora dispense o estatuto de cisne, custa-me muito fazer parte, tantas vezes, do mundo medíocre dos patos iguais aos patos. Patos repetidos, patos tristes, patos muito satisfeitos com a sua condição rasteira de patos. Patos indiferenciados. Patos sem pensamento individual. Patos desconfiados dessa coisa dita a liberdade e dessoutra dita a cultura. Aos olhos desta pataria estúpida, a diferença leva logo o carimbo de "feio". Pior: de "pato feio", porque a pátria imbecil dos patos não concebe a existência de outras espécies de vida senão patos.
Não se augura nada de bom para os patinhos feios do mundo, eu sei. São os outros patos, maioritários e brutos, que mandam no mundo. Mas à noite, livre da imbecil pataria, há quem vá à janela e respire o ar limpo da consciência tranquila - e isso, ó patos tristemente iguais aos outros patos, não tem preço!

Ribeira de Pena, 07 de Junho de 2012.
Joaquim Jorge Carvalho
[A imagem foi colhida, com a devida vénia, em http://www.interdinamica.pt/.]

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