quinta-feira, 22 de setembro de 2011
A distribuição da riqueza
O JN de ontem recordava, em tabela muito ilustrativa, segundo dados do Eurostat, a situação da Madeira face à Europa e ao todo nacional em termos de nível de vida. Transcrevo-a:
Portugal - 78% (comparativamente à média europeia)
Região Norte - 60%
Região Centro - 64%
Lisboa - 109 %
Alentejo - 72%
Algarve - 86%
Açores - 73%
Madeira - 103%
Vista a coisa em abstra(c)to, a nenhum português deve provocar inveja esta espécie de superior bem-estar de madeirenses (ou de lisboetas).
Contudo, vale a pensa pensar no facto de tanta miséria subsistir numa como noutra região. De modo que novamente se põe em questão o problema da desigual distribuição da riqueza. Da obscena concentração de bens e recursos na pança de meia dúzia em detrimento de tantos.
Os partidos também se poderiam distinguir uns dos outros no tratamento político destas matérias. E uma Igreja digna do seu (presumível) estatuto ético-moral deveria considerar insuportável que as coisas permaneçam asssim...
Ribeira de Pena, 22 de setembro de 2011.
Joaquim Jorge Carvalho
[A imagem foi colhida, com a devida vénia, em http://www.midiaindependente.org.]
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1 comentário:
A lógica capitalista da acumulação e reprodução do capital gera essas montruosidades, a não ser que (havendo riqueza suficiente) o Estado a queira e saiba domesticar em proveito do bem comum, como acontece em geral nos países nórdicos.
Eu acho que o mais obsceno está para vir: não tardará uma geração, os ricos poderão, à custa de milhões que só eles têm, prolongar a sua vida e a sua saúde muito para lá do que a Natureza (ou Deus) previu, clonar os seus próprios genes, etc. Já não é ficção científica. Aliás, já se vai falando, devido à crise, em não tratar certos doentes, fazer transplantes só para alguns... O dinheiro enquanto assunto de vida ou de morte, cada vez mais. A Igreja tem-se pronunciado pela voz de muitos bispos, embora pareçam sempre ser vozes desalinhadas. Parte da razão de ser das situações de miséria é a pobreza de espírito, mas é claro que o crescimento das desigualdades e a proletarização de várias camadas da classe média estão a agravar muito o problema.
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