Bússola do Muito Mar

Endereço para achamento

jjorgecarvalho@hotmail.com

Número de Ondas

sábado, 14 de maio de 2011

Literatura com grandes lições dentro


Aprende-se tanto com os textos que vamos descobrindo!
Em boa verdade, o que lemos toca, de modo directo ou enviesado, fragmentos de sabedoria que a própria vida nos vai oferecendo todos os dias. Mas, subitamente, deparamos com a mágica verbalização do que, antes, não era senão ideia (pres)sentida. E por isso acho tão adequada a associação (cara a Pessoa) da justa frase a uma fórmula matemática perfeita.
Ultimamente, por exemplo, andei embrenhado na leitura – voraz, mas lenta – de O Jogo das Contas de Vidro, de Hermann Hesse: trata-se de um tratado sobre a arte, a religião, a literatura, o sentido da existência, a (in)tolerância, a linguagem, a amizade e o amor.
Ontem, pude viajar (via internet) pela escrita de um grande pensador francês, Jean de La Bruyère, que em primeira instância conheci (espantai-vos) graças a um “papillote” com uma citação impressionante daquele escritor. La Bruyère nasceu em Paris a 16 de Agosto de 1645 e morreu em Versalhes a 10 de Maio de 1696. “Moralista” conceituado, foi um escritor cujo estilo influenciou grandes nomes como Marivaux, Balzac, Proust e Gide.
Eis quatro pérolas que reproduzo, com o grato prazer que adivinhareis:

“Não se deve julgar o mérito de um homem pelas suas grandes qualidades, mas pelo uso que sabe fazer delas.”

“Devemos calar-nos acerca dos poderosos: há quase sempre lisonja em dizer-se bem; há perigo em dizer-se mal enquanto estão vivos; e (há) cobardia após a sua morte.”

“A modéstia é para o mérito o que as sombras são para um quadro. Dão-lhe forma e relevo.”

“As coisas maiores só devem ser ditas com simplicidade; a ênfase estraga-as. As menores precisam de ser ditas com solenidade - elas só se sustentam pelo modo de expressão, pela atitude e pelo tom.”


Guardei ainda para o fim uma mais, que me parece a mais genial (e verrinosa) de todas. Dedico-a ao exército de elegantes analfabetos, incompetentes sem ética nem gramática, arrivistas fura-vidas e lambe-botas, governantes com mais lata do que inteligência, quadros mé(r)dios e intermé(r)dios do nosso quotidiano funcionário, asnos pseudo-importantes em geral:

“Os lugares de chefia fazem maiores os grandes homens e mais pequenos os mediocres.”

Tomai e comei todos - pumba!

Ribeira de Pena, 14 de Maio de 2011.
Joaquim Jorge Carvalho

2 comentários:

jorgil disse...

Gostei. É por isso que o livro é um amigo!

Joaquim Jorge Carvalho disse...

Exactly!

Abraço.

JJC