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Número de Ondas

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Idade da prudência


Ontem, durante a minha sexta sessão de jogging desde que cheguei a Coimbra, dei uma topada numa pedra e caí desamparado sobre um chão pejado de pedras. A MP, olhando depois para as minhas mãos e os meus joelhos, exclamou: "Pareces Cristo!" (Referia-se, naturalmente, ao sangue e às feridas que, mesmo após o banho, se mantiveram visíveis e feias.)
Não é a primeira vez que me acontece este fenómeno. Aí pelos 35 anos de idade, comecei a correr de forma mais económica, deslocando-me com passos mais curtos e mais lentos, elevando menos os pés, controlando melhor a respiração. Tornou-se, por isso, mais frequente a colisão dos pés com obstáculos do percurso - pedras, ramos, vegetação, desníveis.
A solução para este problema não é, obviamente, deixar de correr. É reforçar a concentração, os cuidados, antecipando e prevenindo situações perigosas.
Deixai que salte agora, como sempre faço, desta narrativa para uma leitura metafórico-alegórica, isto é, para o lado de lá dos episódios apenas avulsos. Que procure uma explicação compreensiva e cósmica.
Ei-la, talvez: a acumulação dos anos tem este lado penoso que é termos de reformar hábitos, resignando-nos às possibilidades de funcionamento que o corpo e a mente nos vão permitindo. Mas é também uma oportunidade para, fazendo uso da sabedoria que o Tempo maiúsculo nos oferece, interpretar a vida de modo mais eficaz e confortável.
Foz de quanto digo: vou correr hoje com redobrada atenção. 
Ou seja, vou correr prudentemente, sabiamente.

Coimbra, 21 de Abril de 2014.
Joaquim Jorge Carvalho
[A imagem foi colhida, com a devida vénia, em http://www.futebolarcoberdense.blogspot.com.]

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