Bússola do Muito Mar

Endereço para achamento

jjorgecarvalho@hotmail.com

Número de Ondas

sexta-feira, 25 de abril de 2014

Adeus a Vasco Rodrigues


A morte, como eu a vejo, é sempre estúpida.
Os mais velhos ensinam-nos que é apenas uma parte da vida, mas a mim foi-me sempre demasiado difícil compreender essa finitude definitiva, essa irrevogabilidade das partidas e das separações.
Tudo se torna ainda mais insensato quando se trata de um jovem, demasiadamente jovem para partir. Morreram três em Braga, num acidente que (como havemos de dizer?) não podia ter acontecido. Um deles chamava-se Vasco, tinha 19 anos, era (é) filho, sobrinho, neto de conhecidos e amigos ribeirapenenses. A MP recorda-se de um rapaz educado, alegre, inteligente.
Não me lembrava de um funeral tão concorrido e emotivo como este a que assisti, na tarde chuvosa e ventosa do dia 25 de Abril. Igreja cheia de gente, exterior cheio de gente. Gente cheia de comum dor. Entre muitas imagens impressivas, ficou-me a de um jovem universitário, trajado a rigor, que permaneceu à chuva e ao vento, a uns vinte metros de mim, durante a hora e meia da celebração religiosa. Ocorreu-me que o seu rosto molhado seria, em partes iguais, resultado de meteorologia e de lágrimas.
Dei um abraço à avó e ao tio do Vasco, e murmurei-lhes o clichê habitual: “Força! Força!” E, de certo modo, foi também isso que, na homilia, todos ouvimos dos religiosos oficiantes, com a diferença de que estes, para atenuar o nosso sofrimento, ali descreviam a morte como “antecâmara da vida eterna” [sic].

Apesar da minha formação católica, eu não tenho, infelizmente, esta tão convicta certeza acerca do destino das almas e do paraíso a haver. Mas estou certo desta minha profunda tristeza e desta minha absoluta solidariedade para com o pai do Vasco, da mãe do Vasco, dos irmãos do Vasco, da família e amigos do Vasco. É só esse pobre céu que tenho para lhes oferecer, queridos amigos: estar presente e juntar a minha dor à vossa. Força!

Ribeira de Pena, 25 de Abril de 2014.
Joaquim Jorge Carvalho

1 comentário:

Anónimo disse...

Só a morte da mina mãe me deixou tão sem vontade de nada.
1 abraço
Arminda Guerra