Múrmura vai caindo a chuva
Sobre as casas, os carros, mim correndo –
Vejo-a da mesa habitual, na pastelaria
Por entre o vapor do café e este reformado
Ininterrupto como um gerúndio triste.
A minha paciência já foi, Senhor, maior –
Agora é uma só coisa cardiovascular
De ritmo nem sempre certo, nem sempre doce
Coisa menos dada à constatação da beleza
Que do desemprego.
E vou adivinhando nos transeuntes visíveis
Cúmplices dores e apagamentos de todos.
Rareiam, aliás, os sorrisos pela rua acima
Por haver aqui muita mercearia falida
Muita penúria de finanças e de sonhos.
A esperança emigrou para outro qualquer sítio
Ou tempo.
Arco de Baúlhe, 17 de Outubro de 2012.
Joaquim Jorge Carvalho
[A imagem foi colhida, com a devida vénia, em http://www.jmaf-mymobile.blogspot.com.]
2 comentários:
Estamos mal, Quim Jorge,
Muito mal!
Grande abraço
Estamos, de facto. Mas não somos...
Abraço!
Enviar um comentário