Bússola do Muito Mar

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Número de Ondas

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Esperar o quê


Múrmura vai caindo a chuva
Sobre as casas, os carros, mim correndo –
Vejo-a da mesa habitual, na pastelaria
Por entre o vapor do café e este reformado
Ininterrupto como um gerúndio triste.

A minha paciência já foi, Senhor, maior –
Agora é uma só coisa cardiovascular
De ritmo nem sempre certo, nem sempre doce
Coisa menos dada à constatação da beleza
Que do desemprego.

E vou adivinhando nos transeuntes visíveis
Cúmplices dores e apagamentos de todos.
Rareiam, aliás, os sorrisos pela rua acima
Por haver aqui muita mercearia falida
Muita penúria de finanças e de sonhos.

A esperança emigrou para outro qualquer sítio
Ou tempo.

Arco de Baúlhe, 17 de Outubro de 2012.
Joaquim Jorge Carvalho
[A imagem foi colhida, com a devida vénia, em http://www.jmaf-mymobile.blogspot.com.]

2 comentários:

Paulo Araújo disse...

Estamos mal, Quim Jorge,
Muito mal!

Grande abraço

Joaquim Jorge Carvalho disse...

Estamos, de facto. Mas não somos...

Abraço!