Uma
lágrima pluvial desliza obliquamente, de cima para baixo, à minha frente, no
lado exterior do vidro que há entre o olhar e a rua. Leva a cair o tempo de um
sereno café, no remanso suspenso da lida. A televisão debita as chagas da crise
e muitas das cínicas retóricas do nosso desgoverno. A lágrima repousa, depois,
no chão cinzento do passeio fronteiro à escrita. Gravo no papel a precária
imortalidade deste momento cósmico: eu e o fio de chuva tombando. Isto é, o
destino oblíquo da matéria viva em geral, rumando ao horizontal fim que há para
tudo, todos.
Arco de Baúlhe, 19 de Outubro de
2012.
Joaquim Jorge Carvalho[A imagem foi colhida, com a devida vénia, em http://www.downloadswallpapers.com.]
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