Por cerca de uma hora, corri em Coimbra – do Casal Ferrão ao Estádio Universitário, passando pela Estação Velha, pela avenida Fernão de Magalhães, pela Portagem, pela ponte de Santa Clara. No regresso, bordejei o Mondego até à ponte do Açude e, animado pela brisa vespertina de Julho amado, sacudi do corpo o peso da minha já cinquentenária idade.
Fui, por muitos metros, tão puramente jovem como na minha mais primícia mocidade, o Mondego correndo sempre a meu lado, gerúndio como o Tempo inteiro de agora, de antes e de depois de mim.
(Que idade tem o Mondego? Talvez a idade toda. Ou talvez nenhuma, se for verdade aquela serenidade fresca das dezanove horas e quarenta e cinco minutos de domingo, 14 de julho de 2013.)
Quando eu morrer, o Mondego continuará deslizando ao lado da minha sombra. E nunca deixará de achar, na eterna Figueira da Foz, o Mar por que a sua biografia anseia.
Também a minha ausência repousará um dia nesse Mar. Sei-o desde sempre. Mas sei-o hoje mais do que nunca – e nunca tão serenamente como hoje.
Ribeira de Pena, 16 de Julho de 2013.
Joaquim Jorge Carvalho
[A imagem (a ponte do Açude, ao longe) foi colhida, com a devida vénia, em http://www.cnpgh.inag.pt.]]
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