sexta-feira, 6 de dezembro de 2013
Nenhum drama senão aquele drama do fim
Nenhum drama há no tempo a passar
Senão o saber que, tendo passado, um dia
Se acabou, sem remédio, de escoar
O tempo que havia.
Porto, 05 de Dezembro de 2013.
Joaquim Jorge Carvalho
[A imagem foi colhida, com a devida vénia, em http://www.segundaescolha.blogspot.com.]
segunda-feira, 2 de dezembro de 2013
Céu dentro do sono
Não é a primeira vez que me acontece sonhar com gente que já partiu e me faz, todos os dias, falta. Entre o dia 29 e o dia 30 de Novembro, "estive" - aliás, estive (para quê as aspas?) - com o meu amigo Botelho, com o meu sogro (Mestre João) e com o o meu Pai.
Nem sempre me recordo do que sonhei e, também neste caso, não me lembro de toda a narrativa (?) em que terão entroncado as diversas cenas por onde andei, durante um sono decerto agitado. Mas algo ficou de vívido e reportável. Digo-vo-lo.
O Francisco Botelho estava comigo numa espanada sobranceira a algum episódio divertido, porque ambos nos ríamos do que divisávamos nesse patamar inferior (fisicamente inferior) ao nosso olhar. Talvez estivéssemos ambos num Café do céu.
O meu sogro ia a meu lado, em viagem de carro, perorando sabiamente sobre a humanidade e a beleza. A viagem não tinha um rumo definido.
O meu Pai, esse, veio esperar-me à porta da Escola onde trabalho e disse-me que estava orgulhoso de mim. Em vida, igualmente mo fez saber, sublinho; mas desta vez, no momento em que mo dizia, abraçava-me, gesto que nele não era frequente. Sabei que aquele abraço me soube muito bem, apesar de, pouco depois, eu ter acordado nervoso, sentindo uma espécie de pedra sobre o peito.
Avisadamente, a família preocupou-se com esta minha sensação de peso e aperto, recomendando-me uma ida urgente ao médico. Mas eu prefiro regressar ao querido sonho e pensar que aquilo era o tronco antigo e familiar do meu Pai encostado ao meu peito. Isto é, o meu Pai abraçando-se à minha saudade.
Joaquim Jorge Carvalho
[A imagem foi colhida, com a devida vénia, em http://www.blogdocatarino.com.]
quinta-feira, 21 de novembro de 2013
5 Aforismos reformados (2)
Quem parte e reparte e não
fica com a maior parte - ou sou eu ou é de Marte.
Dá Deus as vozes a quem
não tem gentes.
Amigo que rouba amigo tem
cem anos de castigo.
Quem tudo cala pouco
acerta.
A mentira tem as pernas
putas.
Ribeira de Pena, 21 de Novembro de 2013.
Joaquim Jorge Carvalho
[A imagem foi colhida, com a devida vénia, em http://www.antoniobokel.com.]
Chama
Este meu pobre coração tem
a forma de um fósforo que, a cada escurecer, magicamente se renova. Acende-se, normalmente,
ao aproximar-se das altas temperaturas da Beleza, mas também se incendeia,
tantas vezes, no contacto com a lixa da realidade irregular.
Ribeira de Pena, 21 de Novembro de 2013.
Joaquim Jorge Carvalho
[A imagem foi colhida, com a devida vénia, em
http://www.infoescola.pt.]
quarta-feira, 20 de novembro de 2013
A Casa misteriosa
Quando chegou ao País da
Sabedoria, Rui estranhou o facto de haver tão poucas casas. Uma senhora
elegante e amável esclareceu-o:
- Muitos dos nossos
habitantes partilham o mesmo tecto…
À frente de uma linda
casa, à entrada da rua principal da cidade mais antiga do País, o rapaz viu um
senhor muito bem vestido, de modos correctos, que observava algo nos céus. Ao
fim de dois minutos, o homem entrou.
A senhora elegante e
amável explicou quem era aquela figura tão delicada e firme:
- É o senhor António Média.
A sua profissão é informar. Precisamos muito dele em casa. Dá-nos factos,
faz-nos relatos de acontecimentos, mantém-nos sempre actualizados.
Depois, chegou uma menina
vestida de azul e verde, linda como uma manhã de Primavera. O Rui suspirou,
sentindo palpitações no coração.
- Quem é aquela?
- É a menina Sofia Poesia
– disse a senhora amável. – Passeia pelos bosques, pela cidade, pela praia, e traz,
a cada nova viagem, uma canção, um poema, uma forma única de olhar para o mundo
que oferece aos habitantes da casa. Sem ela, não saberíamos, tantas vezes, como
explicar verdadeiramente o que sentimos ou somos.
Logo a seguir, chegou um
casal de velhinhos muito simpáticos, que cumprimentaram quem passava antes de
entrarem na casa. O Rui já nem teve de perguntar fosse o que fosse, pois a
senhora amável de imediato satisfez a sua curiosidade:
- Aqueles são o casal
Narrativa. Ela é Maria dos Contos e Lendas. Ele é o José dos Romances. São um
precioso tesouro da casa, porque estão sempre a lembrar-se de histórias
maravilhosas, que partilham com quem os quer ouvir. São sempre belas histórias
que descobriram ou que simplesmente inventaram. Ouvindo-os, é como se o mundo
recuperasse, no nosso entendimento, alguma espécie de ordem e de claridade.
Finalmente, era já quase
noite, chegou uma senhora loira com os seus muitos filhos alegres e
barulhentos. Ao caminhar, a mãe ia dizendo, segundo pareceu a Rui, frases admiráveis,
porque as crianças à volta soltavam interjeições de espanto (oh!, ah!, ui!,
eh!) e, por vezes, batiam palmas.
- É a madame Núria Teatro. Diverte muito os habitantes da casa e do nosso
País em geral. Nos seus gestos, nas suas palavras, até nos seus silêncios,
vemos reflectida a nossa vida essencial.
O Rui estava muito
impressionado. E fez uma última pergunta:
- Mas, afinal, como se
chama esta casa, minha senhora?
A dama, sempre amável,
respondeu:
- Chama-se Livro. Sou eu a
sua guardiã, a mademoiselle Leda Leitura.
Podes visitar-nos sempre que queiras.
Arco
de Baúlhe, 19 de Novembro de 2013.
Joaquim
Jorge Carvalho
[A
imagem foi colhida, com a devida vénia, em gabigabiruska.com. Este texto foi
elaborado no âmbito do trabalho da promoção da leitura que venho levando a cabo,
no seio da Biblioteca da minha Escola.]
segunda-feira, 18 de novembro de 2013
Para sempre navegar
Farto da terra serena
Saí do cais de meus pais
Numa barquinha pequena
Buscando no mar sinais
D' ilha que valesse a pena.
- Adeus, até nunca mais!
Ribeira de Pena, 18 de Novembro de 2013.
Joaquim Jorge Carvalho
[A imagem foi colhida, com a devida vénia, em http://www.zazzle.pt.]
Manual de sobrevivência
Há olhares, sabes, como
dedos
E enlevos como palatos
provando
A paisagem.
Há palavras como pés
dançarinos
E abraços súbitos como náufragos
Salvando-se da morte.
Há homens devindo poetas
Decorosamente chorando a
ausência
De mundo disponível.
Há música que arrancamos
ao cimento
Dos dias, beijos
conquistados ao caroço
De frutos caídos.
Há delicados malabarismos
de alma
Equilíbrios hábeis de coração
e pão
Trapezismos de sonho.
Outros modos de sobreviver
não
Sei.
Ribeira de Pena, 18 de Novembro de 2013.
Joaquim Jorge Carvalho
[A imagem foi colhida, com a devida vénia, em http://www.contracorrentealternativas.blogspot.com.]
domingo, 17 de novembro de 2013
Cansaço
A prosa do mundo chove sobre nós. Os ideais estão em saldo, sonhar é motivo de troça oficial, Durão Barroso é presidente de não sei quê na Europa e está cada vez mais gordo e vácuo, temos o pior governo de que há memória, muitos comentadores televisivos acusam-me de viver acima das minhas possibilidades, eu que comi caldo verde ao almoço e me concedo, parcas vezes, o luxo de jantar uma francesinha no centro comercial, ponho-me a duvidar da legitimidade da minha respiração, não sei se o oxigénio que consumo paga juros, da água sei já que é um luxo e por isso vai ser privatizada, Nuno Crato condenou entretanto ao desemprego milhares de colegas que fazem falta à Escola, conheço alunos com necessidades educativas especiais cujas necessidades educativas deixaram, por decisão governamental, de existir, um certo (abominável) César das Neves, com obesa certeza, diz que aumentar o salário mínimo é, para os pobrezinhos, algo criminoso, sem corar de vergonha, e o licenciado Passos Coelho diz, sorrindo numa sala em Cantanhede, que a Irlanda é um exemplo para nós por ter imposto mais sacrifícios do que os que em Portugal conhecemos, isto tudo, sublinho, num contexto de frio gradualmente maior e de uma penúria de esperança grassando pelo espaço e tempo que me é dado, ainda, viver. Sinto-me acossado, cansado, tão cansado que...
Ribeira de Pena, 17 de Novembro de 2013.
Joaquim Jorge Carvalho
[A imagem foi colhida, com a devida vénia, em http://www.naoperguntou.blogspot.com.]
quarta-feira, 13 de novembro de 2013
5 aforismos reformados (1)
Há mares que
vêm por bem.
Quem morre
por gosto não dança.
A esperança
é a última a morder.
Homem
pequenino, velhaco ou menino.
Mais vale nenhum
pássaro na mão que mãos sem voar.
Cabeceiras
de Basto, 13 de Novembro de 2013.
Joaquim Jorge
Carvalho[A imagem foi colhida, com a devida vénia, em http://www.construirtextos.blogsot.com.]
segunda-feira, 11 de novembro de 2013
Refrega
É pequeno e pobre o meu poder,
que tão pouco ordeno, quase nada
obtenho, por exemplo, a proibir
a morte, a suspender despedidas, a
ressuscitar-te juvevirginal chegando,
lembras-te, oferecendo-me o beijo
para sempre primeiro.
Defendo-me mal, tu sabes, apenas
sobrevivo.
Atiro canhões de naïves nuvens contra
o exército da mo(r)dernidade, isto é,
o cimento diário que nos atiram
para cima, e a minha guerra é afinal
talvez ridícula e improdutiva, apesar
de melodiosa e às vezes bela.
A prosa, meu amor, vai-nos ganhando
o mundo.
E até a minha revolta frequentemente é
mal compreendida:
vê tu como eu ergo um poema contra
a brutidade inimiga
e o impronunciável general vencedor confunde
estes meus versos
na ousada folha branca
com uma usada rendição.
Mas não, amor, não.
Vila Real, 09 de Novembro de 2013.
Joaquim Jorge Carvalho
[A imagem foi colhida, com a devida vénia, em http://www.ocontraditorio.pt.]
2 quadras com desejo no fim (cf. Le plaisir du texte, de Barthes)
1
Basta a sugestão indicial
De coxa ou quase seio que não vejo
Para eu me acender da seminal
Dor talvez amável do desejo.
2
Sei bem dessa mínima nudez
Minúscula janela de ensejo
Que acende no meu olhar burguês
Selvagens labaredas de desejo.
Vila Real, 10 de Novembro de 2013.
Joaquim Jorge Carvalho
[A imagem (do filme de Brian de Palma, Testemunha de um crime) foi colhida, com a devida vénia, em http://www.olhar.sapo.pt.]
sexta-feira, 8 de novembro de 2013
Os Cinco, de Enid Blyton: a aventura de ler
Enid
Blyton nasceu
em Londres, em 1897. Embora a sua escrita se tenha destinado, maioritariamente,
aos mais jovens, é hoje um dos nomes mais populares da literatura universal.
Desde cedo revelou uma capacidade notável para criar histórias cheias de
aventura e emoção. Os seus heróis não se limitavam, na maior parte dos casos, a
uma história em particular: a autora parecia não ser capaz de se desligar tão
facilmente destas personagens tão cheias de vida, pelo que em muitos casos um
título dava início a uma série de volumes. Foi o caso, por exemplo, de Noddy,
Os Cinco, Os Sete, ou As gémeas.
Enid
Blyton foi um fenómeno em matéria de imaginação e labor. Ao longo da sua
existência de 71 anos, escreveu cerca de 800 livros. As suas obras estão
traduzidas um pouco por todo o mundo, em mais de noventa línguas.
Esta
autora inglesa marcou maravilhosamente a minha infância e o meu princípio de
adolescência. Habituei-me a comprar, um a um, os livros da colecção “Os cinco”
e muitas vezes tive a sensação de que o Júlio, a Ana, o David, a Zé e até o cão
Tim eram meus colegas diários de brincadeiras e cumplicidades.
Quando
casei, tinha um irmão pequeno, de dez anos apenas. Notei que ele estava triste
por eu sair de casa e, num rasgo emotivo, ofereci-lhe os vinte e um volumes da
coleção de “Os cinco”. Ele, infelizmente nunca foi dado à leitura e, como me
confessou mais tarde, não chegou a ler um dos voluminhos sequer. Mas, doze anos
mais tarde, na altura do seu próprio casamento, teve também um gesto sublime:
sabendo que a minha filha, então já com nove anos, adorava ler, veio a minha
casa e ofereceu-lhe os vinte e um livros da colecção…
As
aventuras destas cinco personagens (sim, o fiel e corajoso Tim também é uma
personagem) têm uma dimensão de “policial”, mistério e suspense. Mas são sobretudo
viagens por lugares interessantíssimos, em que os jovens primos (Júlio, David e
Ana são primos da simpática e “arrapazada” Zé) vivem histórias emocionantes,
separados da autoridade e conforto das respectivas famílias, solucionando
enigmas ou reparando injustiças com esforço, bravura e inteligência.
Como
eu invejei, tantas vezes, as merendas deliciosas que, no intervalo ou no fim
das aventuras, as mães da Zé ou dos outros três primos preparavam para os
esfomeados jovens!
Sei
que houve já uma série televisiva inspirada nestes heróis e que hoje podemos
rever as histórias em DVD.
Mas nada – nada mesmo! – consegue substituir a magia de, pela
leitura, viajarmos com os primos mais aventureiros que jamais conheci!
A
colecção completa compreende os seguintes títulos: Os Cinco na Ilha do Tesouro (1942); Os Cinco numa Nova Aventura (1943); Os Cinco Voltam à Ilha (1944); Os Cinco e os Contrabandistas (1945); Os Cinco e o Circo (1946); Os Cinco e os Espiões (1947); Os Cinco e os Comboios Misteriosos (1948); Os Cinco Metem-se em Sarilhos (1949); Os Cinco e a Cigana (1950); Os
Cinco e as Jóias Roubadas (1951); Os Cinco Divertem-se a Valer (1952); Os Cinco e a Luz Destruidora (1953); Os Cinco no Pântano Misterioso (1954); Os Cinco numa Aventura Americana (1955); Os Cinco e as Passagens Secretas (1956); Os Cinco e os Aviadores
Desaparecidos (1957); Os Cinco e o Mistério na Neve /1958); Os Cinco e os Gémeos Silenciosos (1960); Os Cinco nos Rochedos do Demónio (1961); Os Cinco e a Ilha dos Murmúrios (1962); Os Cinco e o Cientista Distraído (1963).
No
ano em que Enid Blyton
publicou o último livro de “Os cinco”, nascia em Coimbra um bebé gordinho a
quem deram o nome de Joaquim Jorge Carvalho. Mal sabia ele que, à sua espera,
estavam vinte e uma aventuras prontinhas a consumir…
Arco de
Baúlhe, 06 de Novembro de 2013.
Joaquim
Jorge Carvalho
[Texto elaborado no âmbito da promoção da
leitura na Escola Básica de Arco de Baúlhe.]
O Soldado João, de Luísa Ducla Soares: literatura contra a guerra
Luísa Ducla Soares nasceu em Lisboa, a 20 de julho de 1939. Licenciou-se em Letras, em Filologia Germânica. Iniciou a sua atividade profissional como tradutora, consultora literária e jornalista. Foi diretora da revista de divulgação cultural Vida, entre 1971 e 1972. Escreveu para diversos jornais e revistas. No campo da criação literária, estreou-se com um livro de poemas, intitulado Contrato, em 1970. Trabalhou, como secretária adjunta no Gabinete do Ministro da Educação (entre 1976 e 1978). Trabalha, desde 1979, na Biblioteca Nacional.
Como escritora, orientou a sua atividade para a literatura destinada a crianças e jovens, tendo publicado mais de 80 obras. A sua obra foi considerada, desde cedo, uma das mais importantes na área da literatura infanto-juvenil de língua portuguesa. Recusou, por motivos políticos, o Grande Prémio de Literatura Infantil que o governo de Marcelo Caetano quis atribuir-lhe, em 1973, pelo seu livro História da Papoila. Recebeu o Prémio Calouste Gulbenkian para o melhor livro do biénio 1984-1985 por 6 Histórias de Encantar e, em 1996, foi galardoada com o Grande Prémio Calouste Gulbenkian pelo conjunto da sua obra. Em 2004 foi selecionada como candidata portuguesa ao Prémio Hans Christian Andersen.
O livro O Soldado João relata-nos uma simples e interessantíssima história sobre um certo militar que, no quotidiano da guerra, adota uma atitude profundamente humanista e divertida, muito diversa da que seria previsível e normal para um combatente. No início, os seus superiores reagem negativamente àquele comportamento tão pouco convencional e, no âmbito da atividade guerreira, tão pouco produtivo. No final da história, contudo, acaba por ser ele a promover, com as suas ações originais e surpreendentes, a apetecida paz.
Pormenor interessante: esta formosa história, que Luísa Ducla Soares tão bem conta (e Assunção Melo tão bem ilustra), lê-se em menos de meia hora.
Conselho de Amigo para os meus queridos alunos: vão à prateleira certa e escolham O Soldado João. Vale muito a pena.
Arco de Baúlhe, 22 de Outubro de 2013.
Joaquim Jorge Carvalho[Texto elaborado no âmbito da promoção da leitura na Escola Básica de Arco de Baúlhe.]
quarta-feira, 6 de novembro de 2013
O(u)rografia
Quem passa por Trás-os-Montes
Sofre a ausência do mar;
Traz um olhar para os montes
Leva os montes no olhar.
Ribeira de Pena, 06 de Novembro de 2013.
Joaquim Jorge Carvalho
[A fotografia foi colhida, com a devida vénia, em http://www.omelhordeportugalestaaqui.wordpress.com.]
terça-feira, 5 de novembro de 2013
Fazer o quê
Ando a reler, sem pressa, os volumes de À la recherche du temps perdu, de Proust. Estive, ainda há pouco, no quarto do narrador, cúmplice de uma certa angústia sua-minha: que fazer com o nosso tempo?
Eu não sei quantos anos me faltam nesta viagem que, por minha vontade, duraria até sempre. A vida, claro. Sei (sabei), de qualquer modo, que serão sempre anos de menos, tendo em conta os sonhos que, como estrelas na noite, me vão iluminando apetites, murmurando beijos, interrompendo neuras e cansaços.
Tenho ainda nas minhas mãos um milhão de gestos certos por fazer.
Há ainda muito tempo e muito mundo, senhor Proust, para lá do perdido.
Ribeira de Pena, 04 de Novembro de 2013.
Joaquim Jorge Carvalho
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