Bússola do Muito Mar

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Número de Ondas

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

A Casa misteriosa


Quando chegou ao País da Sabedoria, Rui estranhou o facto de haver tão poucas casas. Uma senhora elegante e amável esclareceu-o:
- Muitos dos nossos habitantes partilham o mesmo tecto…
À frente de uma linda casa, à entrada da rua principal da cidade mais antiga do País, o rapaz viu um senhor muito bem vestido, de modos correctos, que observava algo nos céus. Ao fim de dois minutos, o homem entrou.
A senhora elegante e amável explicou quem era aquela figura tão delicada e firme:
- É o senhor António Média. A sua profissão é informar. Precisamos muito dele em casa. Dá-nos factos, faz-nos relatos de acontecimentos, mantém-nos sempre actualizados.

Depois, chegou uma menina vestida de azul e verde, linda como uma manhã de Primavera. O Rui suspirou, sentindo palpitações no coração.
- Quem é aquela?
- É a menina Sofia Poesia – disse a senhora amável. – Passeia pelos bosques, pela cidade, pela praia, e traz, a cada nova viagem, uma canção, um poema, uma forma única de olhar para o mundo que oferece aos habitantes da casa. Sem ela, não saberíamos, tantas vezes, como explicar verdadeiramente o que sentimos ou somos.

Logo a seguir, chegou um casal de velhinhos muito simpáticos, que cumprimentaram quem passava antes de entrarem na casa. O Rui já nem teve de perguntar fosse o que fosse, pois a senhora amável de imediato satisfez a sua curiosidade:
- Aqueles são o casal Narrativa. Ela é Maria dos Contos e Lendas. Ele é o José dos Romances. São um precioso tesouro da casa, porque estão sempre a lembrar-se de histórias maravilhosas, que partilham com quem os quer ouvir. São sempre belas histórias que descobriram ou que simplesmente inventaram. Ouvindo-os, é como se o mundo recuperasse, no nosso entendimento, alguma espécie de ordem e de claridade.

Finalmente, era já quase noite, chegou uma senhora loira com os seus muitos filhos alegres e barulhentos. Ao caminhar, a mãe ia dizendo, segundo pareceu a Rui, frases admiráveis, porque as crianças à volta soltavam interjeições de espanto (oh!, ah!, ui!, eh!) e, por vezes, batiam palmas.
- É a madame Núria Teatro. Diverte muito os habitantes da casa e do nosso País em geral. Nos seus gestos, nas suas palavras, até nos seus silêncios, vemos reflectida a nossa vida essencial.

O Rui estava muito impressionado. E fez uma última pergunta:
- Mas, afinal, como se chama esta casa, minha senhora?
A dama, sempre amável, respondeu:
- Chama-se Livro. Sou eu a sua guardiã, a mademoiselle Leda Leitura. Podes visitar-nos sempre que queiras.

Arco de Baúlhe, 19 de Novembro de 2013.
Joaquim Jorge Carvalho

[A imagem foi colhida, com a devida vénia, em gabigabiruska.com. Este texto foi elaborado no âmbito do trabalho da promoção da leitura que venho levando a cabo, no seio da Biblioteca da minha Escola.]

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