Bússola do Muito Mar

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Número de Ondas

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Céu dentro do sono


Não é a primeira vez que me acontece sonhar com gente que já partiu e me faz, todos os dias, falta. Entre o dia 29 e o dia 30 de Novembro, "estive" - aliás, estive (para quê as aspas?) - com o meu amigo Botelho, com o meu sogro (Mestre João) e com o o meu Pai. 
Nem sempre me recordo do que sonhei e, também neste caso, não me lembro de toda a narrativa (?) em que terão entroncado as diversas cenas por onde andei, durante um sono decerto agitado. Mas algo ficou de vívido e reportável. Digo-vo-lo.
O Francisco Botelho estava comigo numa espanada sobranceira a algum episódio divertido, porque ambos nos ríamos do que divisávamos nesse patamar inferior (fisicamente inferior) ao nosso olhar. Talvez estivéssemos ambos num Café do céu.

O meu sogro ia a meu lado, em viagem de carro, perorando sabiamente sobre a humanidade e a beleza. A viagem não tinha um rumo definido.

O meu Pai, esse, veio esperar-me à porta da Escola onde trabalho e disse-me que estava orgulhoso de mim. Em vida, igualmente mo fez saber, sublinho; mas desta vez, no momento em que mo dizia, abraçava-me, gesto que nele não era frequente. Sabei que aquele abraço me soube muito bem, apesar de, pouco depois, eu ter acordado nervoso, sentindo uma espécie de pedra sobre o peito. 
Avisadamente, a família preocupou-se com esta minha sensação de peso e aperto, recomendando-me uma ida urgente ao médico. Mas eu prefiro regressar ao querido sonho e pensar que aquilo era o tronco antigo e familiar do meu Pai encostado ao meu peito. Isto é, o meu Pai abraçando-se à minha saudade.

Ribeira de Pena, 02 de Novembro de 2013.
Joaquim Jorge Carvalho
[A imagem foi colhida, com a devida vénia, em http://www.blogdocatarino.com.]

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