Bússola do Muito Mar

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Número de Ondas

domingo, 22 de agosto de 2010

Amiga



Na 4.ª feira, dia 18, estivemos no Funchal, com uma amiga de mais de vinte e cinco anos. Jantámos em sua casa e, num repetido milagre que anualmente sucede, demo-nos como condóminos da lida diária. Espantoso o à-vontade. Espantoso o atrevimento familiar das curiosidades, dos lutos, dos desabafos e das piadas. Encontramo-nos como que não se vê desde ontem, e como quem se voltará a ver não daqui a um ano, mas amanhã.
Infelizmente, não estava a Teresinha, filha desta amiga. Tão-pouco estava a Vânia. Mas foi como se estivessem, porque os filhos dos nossos amigos são parte dos nossos amigos. Falámos delas, orgulhámo-nos, preocupámo-nos, suspirámos.
Esta amiga é uma eterna sonhadora, que a vida não conseguiu tornar amarga ou cínica. Gostamos do seu sentido de humor, do seu desassombro, do seu bom gosto, da sua inteligência.
Dormimos em sua casa. Custou-me, como sempre, adormecer – e li, de empréstimo, Uma Noite não são Dias, do amável Mário Zambujal (boa escrita, história fraquinha; muito melhores foram a Crónica dos Bons Malandros e as Histórias do Fim da Rua).
Pelas nove, o Funchal era todo sol, já. Manhã tão formosa no terraço, com o oceano em fundo. Conversa novamente fluida, cheia de confidências, sorrisos, silêncios cúmplices.
A nossa amiga chama-se Salvina. É um tesouro grande haver amiga(o)s assim.

Funchal, 19 de Agosto de 2010.
Joaquim Jorge Carvalho

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