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sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Os Cinco, de Enid Blyton: a aventura de ler

Enid Blyton nasceu em Londres, em 1897. Embora a sua escrita se tenha destinado, maioritariamente, aos mais jovens, é hoje um dos nomes mais populares da literatura universal. Desde cedo revelou uma capacidade notável para criar histórias cheias de aventura e emoção. Os seus heróis não se limitavam, na maior parte dos casos, a uma história em particular: a autora parecia não ser capaz de se desligar tão facilmente destas personagens tão cheias de vida, pelo que em muitos casos um título dava início a uma série de volumes. Foi o caso, por exemplo, de Noddy, Os Cinco, Os Sete, ou As gémeas.
Enid Blyton foi um fenómeno em matéria de imaginação e labor. Ao longo da sua existência de 71 anos, escreveu cerca de 800 livros. As suas obras estão traduzidas um pouco por todo o mundo, em mais de noventa línguas.
Esta autora inglesa marcou maravilhosamente a minha infância e o meu princípio de adolescência. Habituei-me a comprar, um a um, os livros da colecção “Os cinco” e muitas vezes tive a sensação de que o Júlio, a Ana, o David, a Zé e até o cão Tim eram meus colegas diários de brincadeiras e cumplicidades.
Quando casei, tinha um irmão pequeno, de dez anos apenas. Notei que ele estava triste por eu sair de casa e, num rasgo emotivo, ofereci-lhe os vinte e um volumes da coleção de “Os cinco”. Ele, infelizmente nunca foi dado à leitura e, como me confessou mais tarde, não chegou a ler um dos voluminhos sequer. Mas, doze anos mais tarde, na altura do seu próprio casamento, teve também um gesto sublime: sabendo que a minha filha, então já com nove anos, adorava ler, veio a minha casa e ofereceu-lhe os vinte e um livros da colecção…
As aventuras destas cinco personagens (sim, o fiel e corajoso Tim também é uma personagem) têm uma dimensão de “policial”, mistério e suspense. Mas são sobretudo viagens por lugares interessantíssimos, em que os jovens primos (Júlio, David e Ana são primos da simpática e “arrapazada” Zé) vivem histórias emocionantes, separados da autoridade e conforto das respectivas famílias, solucionando enigmas ou reparando injustiças com esforço, bravura e inteligência.
Como eu invejei, tantas vezes, as merendas deliciosas que, no intervalo ou no fim das aventuras, as mães da Zé ou dos outros três primos preparavam para os esfomeados jovens!
Sei que houve já uma série televisiva inspirada nestes heróis e que hoje podemos rever as histórias em DVD. Mas nada – nada mesmo! – consegue substituir a magia de, pela leitura, viajarmos com os primos mais aventureiros que jamais conheci!
A colecção completa compreende os seguintes títulos: Os Cinco na Ilha do Tesouro (1942); Os Cinco numa Nova Aventura (1943); Os Cinco Voltam à Ilha (1944); Os Cinco e os Contrabandistas (1945); Os Cinco e o Circo (1946); Os Cinco e os Espiões (1947); Os Cinco e os Comboios Misteriosos (1948); Os Cinco Metem-se em Sarilhos (1949); Os Cinco e a Cigana (1950); Os Cinco e as Jóias Roubadas (1951); Os Cinco Divertem-se a Valer (1952); Os Cinco e a Luz Destruidora (1953); Os Cinco no Pântano Misterioso (1954); Os Cinco numa Aventura Americana (1955); Os Cinco e as Passagens Secretas (1956); Os Cinco e os Aviadores Desaparecidos (1957); Os Cinco e o Mistério na Neve /1958); Os Cinco e os Gémeos Silenciosos (1960); Os Cinco nos Rochedos do Demónio (1961); Os Cinco e a Ilha dos Murmúrios (1962); Os Cinco e o Cientista Distraído (1963).
No ano em que Enid Blyton publicou o último livro de “Os cinco”, nascia em Coimbra um bebé gordinho a quem deram o nome de Joaquim Jorge Carvalho. Mal sabia ele que, à sua espera, estavam vinte e uma aventuras prontinhas a consumir…

Arco de Baúlhe, 06 de Novembro de 2013.
Joaquim Jorge Carvalho
[Texto elaborado no âmbito da promoção da leitura na Escola Básica de Arco de Baúlhe.]



2 comentários:

Anónimo disse...

A V. leu? A minha mais velha (+- da idade da V.) leu, com o mesmo gosto do que nós, toda a coleção. A mais nova, que pertence a uma outra geração (é 14 anos mais nova do que a irmã), leu apenas um e só para nos fazer o jeito, já que tanto insistimos.

Anabela

Joaquim Jorge Carvalho disse...

Querida Anabela, sim, a V. leu. Literariamente, a minha filha é mais uma minha irmã que uma descendente...
Quanto às diferenças entre as tuas filhas, avento que a tua mais nova tenha sofrido, já, os efeitos da modernidade - muita televisão, muita tecnologia, e talvez mais Isabel Alçada e Ana M. Magalhães que Blyton...
Beijinho.