Ribeira de Pena, 24 de Abril de 2013, nove e meia da noite. Auditório Municipal não completamente cheio, mas muito bem preenchido de público. Últimos pormenores, últimas instruções sob a forma de sussurros ou gritos. Uma dúzia de jovens atores já caracterizados. O Carlos Batista, o Marco Andrade, a MP e eu testando luzes, som, power point. A excitação habitual destas ocasiões. (A Luana confessa o grande nervosismo que sente. Digo-lhe que sem nervosismo não há teatro. "Quem não está nervoso não está em condições de actuar. É preciso responsabilidade. A responsabilidade implica nervosismo. Está tudo certo.")
O espectáculo chama-se "25 de Abril contado ao Futuro" e é dedicado a Salgueiro Maia e aos Capitães de Abril em geral. Compreende poesia, teatro, música, documentos fotográficos e excertos de filmes. No final do espectáculo, convida-se o público a cantar "Somos Livres", uma ingénua e linda canção sobre a liberdade. O último verso da composição é "Não voltaremos atrás". Os meus atores (o Bruno, a Luana, a Flávia, a Catarina, o João, o Gonçalo, a Eduarda, o André, a Rafaela, o Paulo, o Fred), no final da música, gritam em crescendo essa frase. A conclusão, em clímax ético-estético, é exactamente essa - a frase consubstancial ao gesto de erguer palavras de ordem (Paz, Pão, Habitação, Saúde, Educação, Justiça Social, Liberdade, Democracia, Igualdade, Solidariedade) e cravos vermelhos.
O meu 25 de Abril, isto é, o 25 de Abril como eu o vejo, foi há trinta e nove anos. E está sempre por fazer, por cumprir. O meu 25 de Abril é hoje. E é amanhã.
Se não nos esquecermos do essencial, os cravos de Abril estão, estarão sempre frescos. São, serão sempre frescos.
Ribeira de Pena, 25 de Abril de 2013.
Joaquim Jorge Carvalho
[A imagem foi colhida, com a devida vénia, na página de Facebook do Carlos Manuel Batista, que não desiste de celebrar, em Ribeira de Pena, esta data, e que me desafiou a apresentar o espectáculo. Também lhe dediquei, naturalmente, este "25 de Abril contado ao Futuro".]
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