quinta-feira, 9 de setembro de 2010
Corai, Contemporâneos
Vi, no dia 7 de Setembro de 2010, na RTP2, um excelente documentário sobre a vida de Tito de Morais. O programa poderia ter-se chamado “No tempo em que a Ética era mais do que uma palavra”.
Tito de Morais foi um antifascista de grande carácter, que sacrificou desde muito novo o conforto pessoal em favor da luta pela liberdade e pela justiça. Esteve preso, foi torturado pela PIDE, sofreu o exílio e o opróbrio. Veio a ser um dos fundadores do PS e, já depois do 25 de Abril, elegeram-no deputado e presidente da Assembleia da República.
Os amigos e os filhos unanimemente o recordam como um exemplo de honra e de teimosia. Um pormenor biográfico-doméstico ajuda a fazer luz sobre a personalidade deste português. Alguns conhecidos e camaradas, cientes por um lado das suas qualidades académicas e profissionais, e por outro da sua frágil situação económica, propuseram-no para um cargo de administrador de uma grande empresa. Tito de Morais recebeu o convite com bonomia, informou-se sobre as funções a desempenhar e, enfim, quis saber em quanto importava o salário.
Salário e mordomias concomitantes eram, globalmente, uma fortuna. Aquele socialista abriu a boca de espanto e confessou-se obrigado a recusar. Era demasiado dinheiro – sustentou então – num país onde o ordenado mínimo não ultrapassava os “30 contos”!
Se os políticos do nosso tão pobre presente se olhassem a este espelho…
Ribeira de Pena, 08 de Setembro de 2010.
Joaquim Jorge Carvalho
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2 comentários:
Grande Homem, sim senhor.
Exactly.
Para os correlegionários e outros legionários corarem de vergonha!
(O problema é que a vergonha, como os dinossauros, tende a desaparecer...)
Bj.
JJC
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