E a
literatura.
No
futebol escondia dos outros o segredo
Dos
versos.
Nos
versos, ai de mim, não podia bem esconder
Fosse
o que fosse.
Naquele
tempo eu já era contemporâneo
Do
Abrunheiro
Mal
suspeitando do génio literário por ali crescendo
Metido
no comum contexto da escola
Lendo
os mesmos livros
Consciente
do tesouro de haver Pai e Mãe
Feliz
por não haver ainda a morte –
Sujeito
também à beleza absoluta das mulheres.
Na
nossa escola havia certas flores
(Ou
anjos, ou fadas, ou improváveis princesas)
E
ambos aprendemos à roda do Sol que elas eram
Sobre
o amor
O
paradoxo de ser obrigatório a dor
Para
se viver
(Para
inteiramente se viver).
Depois
o Daniel deveio poeta maior
(O
mais importante do seu meu nosso tempo)
E eu
segui sobretudo a prosa:
Ele
diz a beleza e as saudades
Da
imortalidade perdida.
Eu,
enfim, conto a mesma história
De
perdas ausências faltas.
O
nosso destino tem esta cumplicidade
Do
verbo dito-inventado em português.
Mas
o mais engraçado, talvez, é algumas flores
(Ou
fadas, anjos, princesas impossíveis)
Serem
leitoras de ambos e não perceberem
(Ou
então fingirem não perceber)
Que
a nossa escrita
Tantas
vezes
É
por causa delas!
Coimbra, 01 de Janeiro de 2016.
Joaquim Jorge Carvalho
[A imagem é do filme Cinema Paraíso, de Giuseppe Tornatore, e foi colhida, com a devida vénia, na internet (via wikipédia).]
Coimbra, 01 de Janeiro de 2016.
Joaquim Jorge Carvalho
[A imagem é do filme Cinema Paraíso, de Giuseppe Tornatore, e foi colhida, com a devida vénia, na internet (via wikipédia).]
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