Bússola do Muito Mar

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Número de Ondas

sexta-feira, 20 de março de 2015

A Promavera (revisões sobre a Escola)

Lemos nos jornais e vemos na televisão que o mundo vai mal: as guerras não param, a pobreza agarra-se ao planeta Terra como uma lapa teimosa, a intolerância entre os povos mostra os seus dentes ferozes, o desemprego (sobretudo entre os mais jovens) aumenta a cada dia. Dir-se-ia que a esperança começa a ser uma palavra sem real sentido.
Vistas da Escola, as feridas da humanidade parecem ainda piores. Porque os nossos olhos andam pelos livros de Ciências e aprendem que o racismo é uma estupidez. Porque os nossos olhos andam pelos livros de História e aprendem que as guerras devem ser, em vez de travadas, prevenidas, evitadas. Porque os nossos olhos andam pelos livros de Matemática a aprendem que a riqueza mal distribuída é uma conta fatalmente errada. Porque os nossos olhos andam pela Literatura, pelo Desenho, pela Escultura, pela Música e aprendem que não há verdadeira vida sem a beleza e sem o amor.
Aparentemente, o mundo ignora o que os livros ensinam. E a realidade, vista do lugar em que aprendemos tanto sobre a vida, parece uma besta estúpida e feia.
De modo que a Escola é hoje, mais do que nunca, uma fortaleza da esperança. O chão de onde partimos tem de ser a ideia de que vale a pena o esforço. De que o futuro pode ser melhor. De que a ignorância e a barbárie são fases transitórias e vencíveis. De que há sempre, no passado, uma Primavera para recordarmos e, no futuro, uma Primavera para voltarmos a viver.
A Primavera sonha-se também na Escola. A Primavera faz-se também na Escola.
O jornal Arco-Íris (jornal da minha Escola, a melhor escola do mundo) é, como eu o entendo, uma espécie de apóstolo da esperança - e não se admirem se, por entre as suas páginas, calha de brilhar algum Sol. Nós trabalhamos com o Sol e o Sol trabalha connosco. A primavera é trabalho de ambos. Trabalho, portanto, de grupo.
Gosto de pensar que os nossos leitores entrarão pelas páginas do nosso jornal e confirmarão que palavras e imagens, embora sonhadas e escritas em pleno inverno, são matéria essencialmente solar. Essencialmente primaveril.
 
Arco de Baúlhe, janeiro, 2015.
Joaquim Jorge Carvalho

[Este texto aparece no jornal Arco-Íris, que saiu agora, com o título de "Abertura". A imagem que aqui o ilustra é a de um maravilhoso filme (com base em novela homónima), La Lengua de las Mariposas. Com a devida vénia, naturalmente.]

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