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Número de Ondas

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Imortalidade de amigo (a propósito de uma batata com a forma de um coração)


Tenho um amigo que deixou aparentemente de aparecer nas ruas por onde os meus passos andam. Diz-se que morreu. Mas eu vejo-o todos os dias, ouço-o todos os dias, sinto-o vivamente a cada instante.
De modo que, vamos lá a ver se nos entendemos, ele morreu coisa nenhuma. Anda comigo para sempre. Para sempre é até eu existir.
Não perceber isto (ou falar do número da sua campa, ou falar da viuvez e orfandade dos dias seguintes a não sei quê que não consigo dizer) redunda em desespero e choro. Já me aconteceu. Mas sucede cada vez menos porque eu preciso de não dar em doido, porque eu preciso de trabalhar, porque eu preciso de seguir em frente – e porque o meu amigo (não esquecer, jamais esquecer) está vivo.
Estás vivo, pá.

Cabeceiras de Basto, 07 de Outubro de 2014.
Joaquim Jorge Carvalho

[Foto da VL, que descobriu na nossa cozinha, em Coimbra, certa batata com a forma de um coração.]

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