Bússola do Muito Mar

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Número de Ondas

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Ódio



Odeio, sem vestígio de piedade cristã, a hipocrisia e o cinismo de muitos políticos.
Odeio a desumanidade de alguns comentadores, de quase todos os banqueiros e de muitos taxistas.
Odeio a deslealdade e a mentira de colegas e conhecidos.
Odeio a ignorância e a estupidez de insectos e vermes com a mania de que são importantes.
Mas, hoje, odeio sobretudo um filho da puta que, entre o Arco e Cavez, pelas seis e meia da tarde de ontem, me ia matando, por conduzir doidamente na direcção contrária à que eu humildemente levava. Um porco, uma besta quadrada, um anormal com carro, que se deu o direito de ultrapassar numa zona de traço contínuo, a uma velocidade três vezes superior ao permitido por lei e que por pouco me riscava do mundo dos vivos. Imagino-o numa tasca qualquer vangloriando-se do tempo espantosamente curto que fez entre um lugar qualquer de origem e outro lugar qualquer de destino - e, em contraponto, vislumbro a minha Mãe, a VL, a MP a receberem, ontem, pelas sete da tarde, a notícia da minha morte.
Odeio-te, ó porco da estrada, ó besta quadrada do volante, ó anormal das ultrapassagens, ó filho da puta!

Arco de Baúlhe, 08 de Fevereiro de 2013.
Joaquim Jorge Carvalho

[A imagem foi colhida, com a devida vénia, em http://www.globoesporte.globo.com.]

2 comentários:

Anónimo disse...

...partilho contigo o ódio aos estúpidos que arriscam a vida de inocentes em troca de umas frases mal amanhadas de estupidez num tasco qualquer junto de comparsas de ocasião.
Ainda bem que foi só o susto.
Abraço
albino

Paulo Pinto disse...

Não sei bem porquê, mas a estupidez na condução (não apenas a temeridade assassina como a que te ia vitimando, mas também outras formas mais benignas de imbecilidade rodoviária) sempre me tocou uma corda sensível e facilmente me leva aos arames. Num momento estamos aqui, no momento seguinte somos trucidados por um fdp qualquer. Já levei os meus sustos também, e tens toda a minha solidariedade. Incluindo na linguagem que utilizaste. Não podia ser outra. Um abraço...e boa viagem.