Bússola do Muito Mar

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Número de Ondas

sexta-feira, 12 de setembro de 2025

Teoria do Medo

 De aranhas

Conheço e desconheço o suficiente

Para não gostar delas;

Por não as conhecer bem

E por bem me conhecer

Vejo-as desde sempre como inimigas.


Na casa-de-banho, no topo 

Do canto direito (para quem entra)

No limite da parede, rente ao tecto

Avistei uma (de tamanho razoável):

Ataquei-a com um desentupidor

Pra a destruir

Mas ela voou dali

Misteriosamente

Para um recanto qualquer da divisão.

E por ali vive desde então

(Algures).

De modo que

De inimiga visível passou a invisível -

E eu nunca mais visitei a casa-de-banho

Com a tranquilidade orgânica

Do tempo anterior ao medo.


Setúbal, 02-07-2025.

Joaquim Jorge Carvalho



Voo não

 A árvore apita os ramos por acreditar

Que só voando será feliz.

Asifica-se por querer voar

E em vão luta contra a raiz.


Coimbra (Fórum), 12-07-2025.

Joaquim Jorge Carvalho

Sorriso de neto (2)

 O sorriso do infante

Voou e caiu no chão:

É um infinito instante

Que fica no coração.


Setúbal, 04-07-2025.

Joaquim Jorge Carvalho

Mãe & Flores

Quando nos morrem amores

Há, no devir dessas dores,

Episódios quase bonitos -

Por exemplo, eu comprar flores

Ao preço de cinco euritos;

Ponho-as no chão tumular 

Da Mãe, Sagrada Excelência,

Primaverando o lugar

Perfumando a sua ausência.


Coimbra, 22-06-2025.

Joaquim Jorge Carvalho

Sorriso do neto

 O sorriso do meu neto

Vai do chão até ao tecto!


Setúbal, 04-07-2025.

Joaquim Jorge Carvalho