De aranhas
Conheço e desconheço o suficiente
Para não gostar delas;
Por não as conhecer bem
E por bem me conhecer
Vejo-as desde sempre como inimigas.
Na casa-de-banho, no topo
Do canto direito (para quem entra)
No limite da parede, rente ao tecto
Avistei uma (de tamanho razoável):
Ataquei-a com um desentupidor
Pra a destruir
Mas ela voou dali
Misteriosamente
Para um recanto qualquer da divisão.
E por ali vive desde então
(Algures).
De modo que
De inimiga visível passou a invisível -
E eu nunca mais visitei a casa-de-banho
Com a tranquilidade orgânica
Do tempo anterior ao medo.
Setúbal, 02-07-2025.
Joaquim Jorge Carvalho