Gosto de fotos antigas
De ver os agora mortos vivendo ainda tanto
Tão fora de não estar vivos
De ver as casas ainda jovens
Muito anteriores à ruína do devir
De ver campos e flores em vez de cimento civil
De perceber a pureza ingénua dos gestos
Ainda livres do cinismo técnico-tecnológico.
Até em fotos de guerra vejo humanidade –
Um esgar de aflição ou de prazer
Um sorriso malandro, uma dúvida qualquer
Uma mulher fugindo sensualmente das bombas
Um soldado fumando no intervalo do medo.
Gosto de ver o presente que há ali
Em fotos para sempre cheias de esperança
Como senão houvesse morte seguinte Àquele momento
Como se cada instante fotografado fosse
A eternidade.
Arco de Baúlhe, 12 de Junho de 2019.
Joaquim Jorge Carvalho
[A foto, já usada neste blogue, grava no tempo um instante familiar, na Praia de Mira, aí por 1968.]
[A foto, já usada neste blogue, grava no tempo um instante familiar, na Praia de Mira, aí por 1968.]
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