Quando há sol e ninguém morre, um homem
pode sentir-se milionário. Eu fui de minha casa ao Café, sem pressas, levando
um caderninho na mão, com a intenção – primeiro – de beber uma cerveja e comer
batatas fritas e – segundo – de escrever uma história sobre casas antigas, caso
me apetecesse. Em três minutos de marcha descansadinha da silva, pude admirar a
pintura dos montes à volta da vila, crianças bicicletando pela idade do ouro
adentro, meia dúzia de cães e uma cadela entre o ócio e o cio, um senhor que eu
tenho visto envelhecer nos últimos vinte anos e que caminhava em sentido
contrário ao meu (ele sorriu e cumprimentou-me, talvez pensando que me tem
visto envelhecer nos últimos vinte anos).
Bebi a cerveja, comi batatas fritas, li o JN. E escrevi, em vez da narrativa
agendada, este bilhete postal que hei-de pôr no blogue Muito Mar, para se perceber
que, às vezes, um pobre homem pode estar milionário. Basta (não sei se já vo-lo
disse) que haja sol e ninguém morra.
Ribeira de Pena, 18 de Julho de 2014.
Joaquim Jorge Carvalho
[A imagem
foi colida, com a devida vénia, em http://www.culturainquieta.com.]
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