segunda-feira, 11 de novembro de 2013
Refrega
É pequeno e pobre o meu poder,
que tão pouco ordeno, quase nada
obtenho, por exemplo, a proibir
a morte, a suspender despedidas, a
ressuscitar-te juvevirginal chegando,
lembras-te, oferecendo-me o beijo
para sempre primeiro.
Defendo-me mal, tu sabes, apenas
sobrevivo.
Atiro canhões de naïves nuvens contra
o exército da mo(r)dernidade, isto é,
o cimento diário que nos atiram
para cima, e a minha guerra é afinal
talvez ridícula e improdutiva, apesar
de melodiosa e às vezes bela.
A prosa, meu amor, vai-nos ganhando
o mundo.
E até a minha revolta frequentemente é
mal compreendida:
vê tu como eu ergo um poema contra
a brutidade inimiga
e o impronunciável general vencedor confunde
estes meus versos
na ousada folha branca
com uma usada rendição.
Mas não, amor, não.
Vila Real, 09 de Novembro de 2013.
Joaquim Jorge Carvalho
[A imagem foi colhida, com a devida vénia, em http://www.ocontraditorio.pt.]
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2 comentários:
Excelente, este.
Anabela
Beijinho, Anabela!
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