Quando chegou ao País da
Sabedoria, Rui estranhou o facto de haver tão poucas casas. Uma senhora
elegante e amável esclareceu-o:
- Muitos dos nossos
habitantes partilham o mesmo tecto…
À frente de uma linda
casa, à entrada da rua principal da cidade mais antiga do País, o rapaz viu um
senhor muito bem vestido, de modos correctos, que observava algo nos céus. Ao
fim de dois minutos, o homem entrou.
A senhora elegante e
amável explicou quem era aquela figura tão delicada e firme:
- É o senhor António Média.
A sua profissão é informar. Precisamos muito dele em casa. Dá-nos factos,
faz-nos relatos de acontecimentos, mantém-nos sempre actualizados.
Depois, chegou uma menina
vestida de azul e verde, linda como uma manhã de Primavera. O Rui suspirou,
sentindo palpitações no coração.
- Quem é aquela?
- É a menina Sofia Poesia
– disse a senhora amável. – Passeia pelos bosques, pela cidade, pela praia, e traz,
a cada nova viagem, uma canção, um poema, uma forma única de olhar para o mundo
que oferece aos habitantes da casa. Sem ela, não saberíamos, tantas vezes, como
explicar verdadeiramente o que sentimos ou somos.
Logo a seguir, chegou um
casal de velhinhos muito simpáticos, que cumprimentaram quem passava antes de
entrarem na casa. O Rui já nem teve de perguntar fosse o que fosse, pois a
senhora amável de imediato satisfez a sua curiosidade:
- Aqueles são o casal
Narrativa. Ela é Maria dos Contos e Lendas. Ele é o José dos Romances. São um
precioso tesouro da casa, porque estão sempre a lembrar-se de histórias
maravilhosas, que partilham com quem os quer ouvir. São sempre belas histórias
que descobriram ou que simplesmente inventaram. Ouvindo-os, é como se o mundo
recuperasse, no nosso entendimento, alguma espécie de ordem e de claridade.
Finalmente, era já quase
noite, chegou uma senhora loira com os seus muitos filhos alegres e
barulhentos. Ao caminhar, a mãe ia dizendo, segundo pareceu a Rui, frases admiráveis,
porque as crianças à volta soltavam interjeições de espanto (oh!, ah!, ui!,
eh!) e, por vezes, batiam palmas.
- É a madame Núria Teatro. Diverte muito os habitantes da casa e do nosso
País em geral. Nos seus gestos, nas suas palavras, até nos seus silêncios,
vemos reflectida a nossa vida essencial.
O Rui estava muito
impressionado. E fez uma última pergunta:
- Mas, afinal, como se
chama esta casa, minha senhora?
A dama, sempre amável,
respondeu:
- Chama-se Livro. Sou eu a
sua guardiã, a mademoiselle Leda Leitura.
Podes visitar-nos sempre que queiras.
Arco
de Baúlhe, 19 de Novembro de 2013.
Joaquim
Jorge Carvalho
[A
imagem foi colhida, com a devida vénia, em gabigabiruska.com. Este texto foi
elaborado no âmbito do trabalho da promoção da leitura que venho levando a cabo,
no seio da Biblioteca da minha Escola.]
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