Bússola do Muito Mar

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Número de Ondas

domingo, 22 de março de 2020

Em guerra

   
   
   Senti sempre este estranho fascínio por livros, filmes e documentários televisivos acerca da Segunda Guerra Mundial. À força de me interrogar sobre esta curiosidade-pulsão, já me ocorreram várias explicações: trata-se da História moderna, muito próxima do que somos hoje, no espaço e no tempo, enquanto civilização; trata-se de um trágico laboratório que revela algumas das piores versões da humanidade (o fascismo, o nacionalismo, o racismo, a xenofobia, a intolerância ideológico-religiosa, a crueldade, a perseguição, a delação, o grau de brutidade de que o ser humano é capaz, etc.) e também de uma espécie de uma espécie de lição sobre o preço e o valor da resistência (grato monumento à solidariedade, à coragem, ao sentido de justiça, à resiliência, ao sacrifício). 
   Tendo a ver-sentir, nesta luta contra a Covid-19, semelhanças com o conflito militar que se travou, na primeira metade do século XX, entre o nazismo-fascismo e os aliados. Não por acaso se diz que estamos, hoje, neste contexto de ameaça e medo, “em guerra”. Na verdade, também agora está em causa a nossa saúde colectiva, a nossa sobrevivência, o nosso futuro. Há esse consabido pormenor de lutarmos contra um inimigo invisível, que ataca de forma traiçoeira e potencialmente letal. 
   Não custa adivinhar o que para aí vem (ou para aí vai) de comportamentos associados a contextos de salve-se quem puder, que se acrescentam à ameaça do próprio vírus: egoísmos, desconfianças, cinismo, crueldade, agressões, teorias da conspiração, aproveitamentos popularucho-populistas de falsos Messias, fascistas em bicos de pés prontos a atacar a verdade científica, negócios oportunistas, vigarices políticas. 
   Mas, tal como no século XX, igualmente nos apercebemos da Valentia, da Generosidade e do Bom Senso de gente limpa e sensata, de homens e mulheres que olham muito para além do seu umbigo, de pessoas com cérebro e coração. Em Portugal e no mundo, a hora é de nos aliarmos e de resistirmos. Juntos. 

Coimbra, 22 de Março de 2020. 
Joaquim Jorge Carvalho 
[A foto foi colhida, com a devida vénia, em http://www.noticiasaominuto.com.]

2 comentários:

Paulo Pinto disse...

Resiste, caro amigo. Somos mais fortes do que nos julgamos. Sê prudente contigo e com os teus e mantém a vida funcionando, mesmo que à distância; esse é o maior contributo que podes dar. A tempestade há-de passar e, quando olharmos para trás, a eternidade que nos pareceu pode ter-se resumido a uns poucos meses. E, saradas as feridas e choradas as perdas, ter-se-á talvez aprendido qualquer coisa de novo. Fica bem!

Clube de Jornalismo da Escola Básica do Arco disse...

Amigo, é isso mesmo. Espero que estejas bem (e que o mesmo aconteça com os teus). Grade abraço! JJC