Deixo
a poesia num canto do quarto
E
vou trabalhar.
Ela
aparece-me por vezes em lugares inconvenientes
E
ri-se do meu espanto ou indignação.
“Sai
daqui”, digo-lhe então, embaraçado.
Ela
ri-se e espreguiça-se, gaiata e trocista,
Sobre
um rascunho de acta
Sobre
uma grelha de critérios
Sobre
um guardanapo de pastelaria
Sobre
uma planificação séria.
“Sai
tu daí”, grita, fingindo que me beija.
“Já
aqui estava antes de ti”, reclamo eu.
“Parece-te”,
diz ela. “Eu já aqui andava
Antes
de existires.”
Lá
acabamos por regressar a casa
Juntos
como corpo e sombra
Filhos
ambos do mesmo sol.
Ribeira de Pena, 31 de Janeiro de
2014.
Joaquim Jorge Carvalho
[A imagem foi colhida, com a devida vénia, em http://www.encruzilhadasliterarias.blogspot.com.]
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