Enid
Blyton nasceu
em Londres, em 1897. Embora a sua escrita se tenha destinado, maioritariamente,
aos mais jovens, é hoje um dos nomes mais populares da literatura universal.
Desde cedo revelou uma capacidade notável para criar histórias cheias de
aventura e emoção. Os seus heróis não se limitavam, na maior parte dos casos, a
uma história em particular: a autora parecia não ser capaz de se desligar tão
facilmente destas personagens tão cheias de vida, pelo que em muitos casos um
título dava início a uma série de volumes. Foi o caso, por exemplo, de Noddy,
Os Cinco, Os Sete, ou As gémeas.
Enid
Blyton foi um fenómeno em matéria de imaginação e labor. Ao longo da sua
existência de 71 anos, escreveu cerca de 800 livros. As suas obras estão
traduzidas um pouco por todo o mundo, em mais de noventa línguas.
Esta
autora inglesa marcou maravilhosamente a minha infância e o meu princípio de
adolescência. Habituei-me a comprar, um a um, os livros da colecção “Os cinco”
e muitas vezes tive a sensação de que o Júlio, a Ana, o David, a Zé e até o cão
Tim eram meus colegas diários de brincadeiras e cumplicidades.
Quando
casei, tinha um irmão pequeno, de dez anos apenas. Notei que ele estava triste
por eu sair de casa e, num rasgo emotivo, ofereci-lhe os vinte e um volumes da
coleção de “Os cinco”. Ele, infelizmente nunca foi dado à leitura e, como me
confessou mais tarde, não chegou a ler um dos voluminhos sequer. Mas, doze anos
mais tarde, na altura do seu próprio casamento, teve também um gesto sublime:
sabendo que a minha filha, então já com nove anos, adorava ler, veio a minha
casa e ofereceu-lhe os vinte e um livros da colecção…
As
aventuras destas cinco personagens (sim, o fiel e corajoso Tim também é uma
personagem) têm uma dimensão de “policial”, mistério e suspense. Mas são sobretudo
viagens por lugares interessantíssimos, em que os jovens primos (Júlio, David e
Ana são primos da simpática e “arrapazada” Zé) vivem histórias emocionantes,
separados da autoridade e conforto das respectivas famílias, solucionando
enigmas ou reparando injustiças com esforço, bravura e inteligência.
Como
eu invejei, tantas vezes, as merendas deliciosas que, no intervalo ou no fim
das aventuras, as mães da Zé ou dos outros três primos preparavam para os
esfomeados jovens!
Sei
que houve já uma série televisiva inspirada nestes heróis e que hoje podemos
rever as histórias em DVD.
Mas nada – nada mesmo! – consegue substituir a magia de, pela
leitura, viajarmos com os primos mais aventureiros que jamais conheci!
A
colecção completa compreende os seguintes títulos: Os Cinco na Ilha do Tesouro (1942); Os Cinco numa Nova Aventura (1943); Os Cinco Voltam à Ilha (1944); Os Cinco e os Contrabandistas (1945); Os Cinco e o Circo (1946); Os Cinco e os Espiões (1947); Os Cinco e os Comboios Misteriosos (1948); Os Cinco Metem-se em Sarilhos (1949); Os Cinco e a Cigana (1950); Os
Cinco e as Jóias Roubadas (1951); Os Cinco Divertem-se a Valer (1952); Os Cinco e a Luz Destruidora (1953); Os Cinco no Pântano Misterioso (1954); Os Cinco numa Aventura Americana (1955); Os Cinco e as Passagens Secretas (1956); Os Cinco e os Aviadores
Desaparecidos (1957); Os Cinco e o Mistério na Neve /1958); Os Cinco e os Gémeos Silenciosos (1960); Os Cinco nos Rochedos do Demónio (1961); Os Cinco e a Ilha dos Murmúrios (1962); Os Cinco e o Cientista Distraído (1963).
No
ano em que Enid Blyton
publicou o último livro de “Os cinco”, nascia em Coimbra um bebé gordinho a
quem deram o nome de Joaquim Jorge Carvalho. Mal sabia ele que, à sua espera,
estavam vinte e uma aventuras prontinhas a consumir…
Arco de
Baúlhe, 06 de Novembro de 2013.
Joaquim
Jorge Carvalho
[Texto elaborado no âmbito da promoção da
leitura na Escola Básica de Arco de Baúlhe.]
2 comentários:
A V. leu? A minha mais velha (+- da idade da V.) leu, com o mesmo gosto do que nós, toda a coleção. A mais nova, que pertence a uma outra geração (é 14 anos mais nova do que a irmã), leu apenas um e só para nos fazer o jeito, já que tanto insistimos.
Anabela
Querida Anabela, sim, a V. leu. Literariamente, a minha filha é mais uma minha irmã que uma descendente...
Quanto às diferenças entre as tuas filhas, avento que a tua mais nova tenha sofrido, já, os efeitos da modernidade - muita televisão, muita tecnologia, e talvez mais Isabel Alçada e Ana M. Magalhães que Blyton...
Beijinho.
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