E a mãe benzeu-se por obrigação.
Fomos à Estação, pela tardinha
Acenar adeuses ao caixão.
A multidão, vista de hoje, era um casal
(Meu pai e minha mãe, muito formosos)
E eu tão eterno e jovial
Tão longe de discursos desgostosos.
Um ébrio muito velho, pobrezinho
Disse é só paleio, é só paleio
O pai ensinou-me que era o vinho
E, depois, a polícia veio.
Tanto barulho, ali, tanto calor
Tanta gente para dizer adeus a um morto -
E eu sozinho dizendo daqui adeus
Àquela tarde.
Coimbra, 13 de Agosto de 2014.
Joaquim Jorge Carvalho
[Este poema faz parte de um volume a que chamei Escrever Sobre Não Estares (2010). A imagem foi colhida, com a devida vénia, em http://www.sabado.pt.]
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