Morreu
Herberto Helder, não obstante os teimosos passos em volta que (aí vai um
clichê) perdurarão.
Aprendi a gostar de Herberto
Helder pela mão de outro grande poeta contemporâneo (o maior que conheço), o
Daniel Abrunheiro. Herberto nunca foi o meu poeta preferido, mas era-me (é-me)
fácil perceber nele a marca (conspícua, avassaladora, dolorosa) dos génios que,
simplesmente vivendo-sendo, não deixam de mudar o mundo para sempre. Lendo os
versos - ou a prosa que era outra forma de ele escrever em verso - de Herberto
Helder, entende-se melhor aquele “plaisir du texte” mais difícil, menos óbvio,
frequentemente desconfortável de que fala Barthes. Os caminhos da Beleza não
têm de ser óbvios, nem confortáveis, nem fáceis.
Um Poeta de dimensão maior –
espécie de outro Pessa que a Língua Portuguesa foi capaz de dar à luz – morreu.
Isto é, não. Leiam-no contra a
morte.
Arco, 24 de Março de 2015.
Joaquim Jorge Carvalho
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